terça-feira, 21 de abril de 2009

Então, vamos dar uma olhada nesse seu pênis

Desde pequenininho, quando ainda não era (nem tinha) porra nenhuma, Bernardo ia anualmente ao consultório da doutora Heloísa. Sempre por volta do mês de junho a mãe do moleque marcava consulta na pediatra:

- Meu filho, toma um banho bem tomado e bota cueca limpa que hoje a gente vai lá na doutora Heloísa.
- Ah não mãe, de novo não. Eu não gosto de ir na doutora Heloísa. A gente tem que ficar pelado e ela fica pegando no piru da gente.
E ele fazia questão de ir sujo e com a cueca mais rasgada que tinha. Que mulher folgada! Se ela via ele pelado de graça, (aliás, era paga para isso), que pelo menos fizesse por merecer. É relevante mencionar que Helô não era nenhuma doutora gatinha ou coisa assim. Era sim uma véia de uns 40 e poucos anos. Ao ver o pequeno Bernardo afundado no sofá do corredor, tenso, apertando a mão da mãe, a médica falava, por traz dos óculos a meia-altura do nariz:
- Você tem consulta comigo agora.
A frase vinha num tom aterrorizante, acompanhada de um dedinho indicador curvado e se mexendo, chamando o menino. As perguntas que a doutora fazia eram sempre bem constrangedoras para uma criança daquela idade:
- E então, você tem sentido alguma mudança nesse seu pinto?
O fato de a pediatra falar “pinto” sempre que se referia ao órgão sexual do menino causava certo choque. Quando ele brigava com o irmãozinho e falava “pega no meu pinto, desgraçado”, a mãe lhe dava um tapão na boca. Não lhe parecia profissional uma médica ficar falando palavrão assim, ainda mais na frente dele, que era criança. Que exemplo, doutora Heloísa!
Ele até entendia que a médica queria usar palavras que fossem compreensíveis pelas crianças. Mas, se ela falasse “peru”, “piupiu”, “passarinho” ou o nome de qualquer outra ave teria sido melhor. Agora, “pinto” era palavrão. Que pelo menos falasse no diminutivo, para amenizar. O pior foi a vez que Heloísa colocou na sua frente um quadro que devia ter umas vinte rôlas. Parecia um canavial:
- Bernardo, me diga com qual dessas fotos você mais se parece.
Ele entendeu o que a doutora quis dizer com aquilo, mas a vontade era de responder algo tipo: “olha, não é por nada não, mas a senhora tá me chamando de cara de que?”. Durante quase toda a consulta ele tinha que ficar só de cueca. Teve vezes que ficou tão nervoso que chegou a empolar.
Aos dez anos, Bernardo descobriu a punheta. Tinha um canal da TV a cabo que passava filme pornô com a imagem destorcida. O moleque tá que mexe na sintonia fina para melhorar a imagem. E via o filme entortando a cabeça (de cima), tentando ver qualquer coisa. Mas era o suficiente para o menino ficar doidão. “Deve ter um jeito de fazer isso sem mulher”.
Foi até o banheiro e pegou um rolo de papel higiênico. Colocou sua rôla dentro do rolo. Como tinha apenas dez anos, coube com folga. Mandou ver. Com o tempo, começou a variar de parceira. A melhor delas era o pão de cachorro quente. Ao invés da salsicha do supermercado ele colocava a sua. O importante era não sentir a própria mão:
- Oh, não sou eu, não sou eu!
A atividade começou a ocupar muito tempo das suas tardes. Seu rendimento escolar, naturalmente, caiu. Um dia seu pai precisa sair do escritório e voltar em casa para buscar uns papéis importantes. Pega o menino em plena performance. Num tom de desaponto, diz, balançando a cabeça:
- Vai estudar, Bernardo.
O menino havia aprendido uma valiosa lição: Trancar a porra da porta! De qualquer forma, sempre que tinha consulta com a doutora Heloísa, resolvia antes um assunto sério no banheiro. Afinal de contas, a mulher ia pegar no pinto dele. Era bom não arriscar ficar excitado durante a consulta.
Houve outro flagrante. O incidente na fazenda do tio Fred. O moleque estava muito doido. E, claramente, Mimosa estava dando mole para ele. Sem nem levar a ruminante para jantar nem nada, Bernardo sobe num banquinho e créu na vaca. Pelo cu, ainda.
De uma hora para putra, Mimosa tranca tudo e prende o taradão pela rôla. Bernardo tenta se soltar e nada. Ao sentir que ia ter o pinto decepado, grita pelo tio. Vendo que era impossível libertar o moleque, tio Fred se viu obrigado a pegar a espingarda. Deu dois tiros em Mimosa. Bernardo fez o tio jurar que ia guardar segredo.
O tempo passa e Bernardo pára de se consultar com a doutora Heloísa, que já havia praticamente se tornando um membro da família. Tinha visto aquele menino crescer (ainda bem que não em todos os sentidos). Ele começa a vida sexual. Com pessoas. Como era inexperiente, faz as coisas meio afobado. Tão afobado que se machucou, bem abaixo da glande.
O machucado começou a infeccionar. Inchou. Depois o inchaço foi crescendo e chegou um ponto que sua rôla mais parecia uma lâmpada. E doía horrores. E como lavar? Ardia só de jogar água, quanto mais ficar esfregando. Com a maior dificuldade colocava a cabecinha para fora. Doía muito desenrolar o capuz inchado. Enchia uma caneca com água, contava até três e afogava o ganso lá dentro. Doía ainda mais, mas era o único jeito. Repetia a operação até sentir-se mais ou menos limpo.
O pior de tudo é que, mesmo durante esse período, ele continuava sentindo tesão. Era mais difícil bater punheta. Precisaria das duas mãos. E cada movimento era acompanhado de um uivo de dor, mas a força de vontade era maior.
Procurou na internet saber sobre seu problema. Pelas DST’s que encontrou, tinha uma que se encaixava perfeitamente no que estava sentindo. À medida que ia lendo sobre os sintomas da doença, automaticamente começava a senti-los. Leu: “o paciente sente dores na virilha”. Na mesma hora sentiu a virilha doer. Tentou esconder da mãe o máximo que pôde, mas agora não tinha mais jeito. Teve que contar a ela que precisava ir no médico de rôla, sem entrar em detalhes. A mãe toma o menino pela mão e vai ao médico. Na recepção:
- Boa tarde, meu filho está precisando ver um urologista.
A fila do hospital estava lotada. A recepcionista olha para a cara do menino de 15 anos e, como quem não sabe a função de um urologista, pergunta, para deixá-los sem graça:
- Pois não, o que o paciente tem?
- Ammm, o meu filho está com um problema no pênis dele.
Tentou falar de modo que quem estivesse atrás na fila não escutasse. Minutos depois estava no consultório do doutor Bráulio. Depois de relatar ao médico o que sentia:
- Ok, então vamos dar uma olhada nesse seu pênis.
A Bernardo parecia viadagem que alguém optasse por essa área da medicina. A experiência foi traumatizante. Pelo menos o doutor Bráulio explicou que não havia nenhuma doença venérea com ele. Apenas receitou uma pomada do tipo Gelol.
- Hum...e quando é que eu vou poder...ééé...retornar...às minhas atividades...
Teve que passar a andar sem calça dentro de casa por uns dias. Passava a pomada e ficava com a glande exposta. E olha que tava na época do frio. Assistia televisão, fazia para-casa, tudo sem calça. E a porta do quarto trancada. Mas havia prometido a si mesmo que nunca mais ia a um urologista.
Anos depois, Bernardo sente novas mudanças na textura de seu membro. Novamente vai no Google procurando respostas. Relutava em ir a um médico de rôla. Foi então que procurou saber se a doutora Heloísa ainda atendia. E sim, a doutora Heloísa ainda atendia. Atendia crianças de até 12 anos, e ele tinha quase o dobro. Mas ele não se consultaria com outra pessoa que não fosse aquela velha, com quem ele custou tanto a adquirir confiança. Não contou à mãe e foi até o consultório de Helô. Ao contrário dele, ela continuava com a mesma cara. Velho não muda nunca; é sempre velho.
- Oi, a senhora está lembrada de mim?
“Se ela não se lembrar, eu baixo as calças. Será que dá pra reconhecer alguém pela rôla?”. Na mesa da pediatra, viu a plaquinha: Doutora Heloísa Capado. Quando criança, ele nunca tinha se dado por conta da ironia. O sobrenome da velha era Capado! De qualquer forma, sabia que não ia ser fácil convencê-la. Apelou para todo tipo de chantagem emocional. Eventualmente, ela cedeu:
- Vamos lá, Tia Heloísa. Pelos velhos tempos!
- Tá bom, tá bom. Deita lá na cama. Vamos dar uma olhada nesse seu pênis.
A médica analisava, sempre com os indefectíveis óculos a meia-altura. Novamente não se tratava de algo grave:
- Isso é folículo piloso.
- Quê?
- Pêlo encravado.
- Oh!
- E mais uma coisa: Você não deve lar seu pênis com sabonete, porque tira a gordura que protege ele. Só água já basta.
A idéia pareceu-lhe nojenta. Depois do alívio, ele rapidamente vestiu as calças e saiu correndo do consultório, dando um tapa nas costas da senhora:
- Olha, obrigado por tudo. Foi um prazer revê-la.
Aquela visita inusitada ficou na cabeça de Heloísa por muito tempo. Tanto que a inspirou a dar uma guinada na carreira. Não havia nenhuma lei que impedisse uma mulher de ser urologista. Depois de um tempo, especializou-se. Uma escolha acertada. Por ser uma das pouquíssimas mulheres na área, tinha um diferencial. Seu consultório vivia cheio. De vez em quando aparecia um velho com intenções não lá muito puras, mas isso era facilmente driblado. Com um spray de pimenta, que tinha embaixo da mesa. O nome de Heloísa Capado cresceu tanto no meio que ela começou a dar aula na universidade.
A essa altura, Heloísa já devia ter uns 70 e poucos anos. E Bernardo, 40 e poucos. A idade de fazer o exame do toque retal. Ele não poderia pensar em outra pessoa para enfiar o dedo no seu cu que não fosse a doutora Helô. E ele já tinha ficado sabendo que sua velha amiga agora era urologista. Marcou a consulta. O que ele não esperava é que a doutora ia dar aula justamente na hora marcada com ele. Resultado: Ele ficou de costas, com o cu de fora, enquanto a turma inteira assistia:
- Veja bem gente, ao fazer o toque retal, você deve verificar se não há nenhum inchaço. Desta maneira. Vamos ver se vocês aprenderam. Joaquim, tente você.
- Assim, professora?
- Não precisa colocar tanto o dedo. Mariana, vai você agora.
Depois da consulta, após ter sido molestado por 15 alunos, Bernardo sai correndo da sala olhando para baixo, sem encarar ninguém. Entra no primeiro elevador:
- Me desculpe, meu senhor, mas esse elevador aqui é somente para funcionários.
- Ah é? E me diga uma coisa: Alguma vez você teve 15 pessoas enfiando o dedo no seu cu?
- Ammm, acho que não.
- Então não me enche o saco e me leva logo embora daqui.


Ok, eu sei o que todos vocês estão pensando de mim. Mas vocês viram o título do texto lá em cima. Se você chegou até aqui, é porque há algo de doentio na sua cabeça também. Pense pelo lado positivo: Eu não coloquei fotos. Eu sei que as pessoas não gostam dos meus textos desse tipo. A uns dias atrás eu fui no urologista e não tinha dinheiro para passagem (de novo). Fui a pé de lá até o trabalho e, no caminho, essa história me veio inteira na cabeça. E quem escreve sabe: Quando a inspiração chega, você é obrigado a escrever. Independente de as pessoas gostarem ou não.

domingo, 5 de abril de 2009

Olha a mão, olha a palhaçada

É verdade que ninguém sabe o que pode vir a acontecer no futuro. Mas uma coisa pra mim é certa: Vou ficar careca. Faz anos que o processo de destelhamento começou por aqui. E, como não me vejo nadando em um mar de grana, provavelmente serei um velho careca e pobre. Daí penso: Como é que vou fazer pra pegar mulher no futuro? Preciso pelo menos cuidar do corpo. Vou ser um coroa saradão. Careca, porém sarado. Sim, porque atualmente tenho um corpo que até dá pro gasto (minhas roupas não me fazem justiça), mas e daqui uns anos? É preciso cuidar cedo.
Por essas e outras decidi entrar na academia. Tudo que eu queria era dar uma definição muscular. E dar um jeito nessa bunda que mais parece duas luas, com tantas crateras. Se você pensa que bunda de homem não tem celulite, um dia eu te mostro. Também queria ter um daqueles abdomes em que dá até pra lavar uma calça jim nele. Mulherada curte essa parada.
Devia fazer quase um ano que eu dizia: “Segunda feira eu vou lá na academia. Quando chegar o verão eu vou na academia. Em janeiro eu começo academia. Depois das férias eu começo. Melhor, depois do carnaval, pra dar sequência”. Quando finalmente tomei coragem paguei seis meses de uma vez, pra não ter desculpa.
Longe de mim ser um Schwarzenegger (palavra usada na final do Soletrando). Aliás, não entendo como é que um cara entra nessa de fisiculturismo. Sim, porque todo mundo que começa a malhar entra nessa para impressionar a mulherada. Mas até hoje não conheci uma mulher que gostasse de homem musculoso. E não há nada de macho naquilo.
Outro dia eu tava vendo Gugu (vendo não, mudando de canal) e tava tendo uma exibição de fisiculturistas besuntados de óleo. Parecia um monte de frango assado usando sunga. Por falar em sunga, a deles era minúscula, atochadinha, mais parecia uma calcinha. Oh sim, macho pra caralho! E outra: Dá pra perceber que a rôla dos caras atrofia. Não que eu fique reparando nessas coisas, mas é que a câmera dá um close. O que eu devia fazer? Virar pro lado?
Ouvi dizer que o uso de esteróides pode também deixar o cara impotente. Adianta querer impressionar a mulherada? Nunca mais vai poder comer uma mulher na vida. Como fazer para descarregar as energias? Só malhando mais. O governo devia parar de gastar nosso dinheiro com bobagem e investir em propaganda contra o uso de anabolizantes na televisão:
- Olá, meu nome é João Castro Pinto. Eu usei anabolizantes e fiquei assim.
Aí o cara se levanta, abaixa as calças e mostra a minhoquinha.
Lembro-me de certa vez em que eu estava dando aula e conversando com um aluno, formado em educação física, sobre o jeito ideal de se fazer abdominal:
- Deita aí, professor. Vamos fazer juntos.
Tá lá dois homens deitados no chão da sala de aula, fazendo abdominal. Se alguém chegasse e visse, ia ser lindo. O cara põe a mão na minha barriga:
- Tá vendo como dessa maneira trabalha mais essa área aqui?
Pensei: “Olha a mão, olha a palhaçada”. Mas sei lá, o cara trabalha com isso. Deve ser normal. Tanto é que, quando eu fui fazer avaliação física na academia, fui igualmente molestado. Começou com uma entrevista:
- Qual é o seu objetivo?
- Pegar mulher.
- Entendo.
- Na verdade, meu objetivo é dar uma harmonizada no corpo.
- Harmonizada?
- É. Eu tenho a metade de baixo do corpo muito grande e a metade de cima muito pequena. Eu queria ver se tinha como dar uma invertida nisso.
Depois da entrevista, o cara tá que passa a mão em mim, me manda subir o short para ele medir sei lá o que da minha coxa. E sempre olhando nos meus olhos. “Olha a mão, olha a palhaçada”. Pensei: “Devem aproveitar muito quando é mulher”. Profissionalismo o escambal! O cara esquece que é homem quando está avaliando? Depois, me manda tirar a camisa. Hum. E se fosse mulher? Ia mandar fazer topless na tora?
No meio, a avaliação é interrompida. Meu batimento cardíaco acelerou além do normal. Antes que um apressado leitor ache que foi por emoção devido à bolinação do avaliador, adianto que eu estava pedalando uma bicicleta ergométrica no momento.
- Olha, por segurança, vou precisar de um atestado médico seu antes de te liberar para a musculação. Provavelmente devido ao longo período de extrema inatividade, sua pressão aumentou.
Parecendo não estar satisfeito, resolveu me humilhar mais um pouco:
- Outra coisa: Você tem um problema de postura. Por causa da flacidez da sua barriga, seu tórax está pesando muito a sua coluna. Mas você está liberado para fazer natação, por enquanto.
Pois bem, comprei uma toca, um óculos, uma sunga e comecei a natação. Já repararam que as pessoas ficam com cara de doidas usando os trajos para nadar? O professor:
- Qual é o seu nome, fera?
- Diogo.
- Diogão, entra nessa piscina pra mim.
Porque é que todo professor chama seus alunos pelo aumentativo? Será que isso faz parecer que são velhos amigos? O pior é o horário das aulas: 11:00 ás 12:00. A melhor hora pra pegar um câncer. Fiquei preto. Estava parecendo aqueles caras que cortam coco na praia. Eu acho até legal ganhar uma corzinha nas férias, mas minha natureza é branquela. Bronzeado, fica parecendo que eu estou eternamente de férias. Se você acha ridículo um homem usando sunga, não sabe que o mais ridículo é que, bronzeado, quando ele tirar a sunga, vai ficar parecendo que ele ainda está usando uma. Branca. E com um risco no meio.
Tem mulheres que fazem aula usando daqueles maiôs enormes da década de 50. Fica na cara que é por vergonha do corpo. Mas se estivesse usando um biquíni normal, chamaria bem menos a atenção. Se não é vergonha, é preguiça de se depilar. Imagina a marca de sol de quem usa um maiô desses. Por falar em ridículo, passei vários dias arrotando cloro.
Dias depois fui ao centro para pegar meu atestado. Se eu não tivesse convênio, a consulta sairia 100 reais. E o médico me chega 40 minutos atrasado. O cara era sorridente e tinha um jeito que lembrava o Roberto Carlos:
- Pois não meu amigo, em que posso ajudá-lo? Hehehe.
- È que eu preciso de um atestado para começar a academia.
- Que besteira hein, cara? Hehehe.
Se eu ganhasse 100 reais em menos de 15 minutos igual o doutor, também seria assim, sorridente. O cara me manda tirar a camisa e deitar na cama para fazer o eletrocardiograma. Analisa algumas partes do meu corpo. “Mão, palhaçada”. Em alguns lugares eu me segurei, mas senti cócegas.
Como eu nunca tenho que fazer nada no centro, não sabia quanto era a passagem do ônibus. Peguei uns trocados e, por segurança, uma nota de 50. Trocados insuficientes. Ficou faltando 10 centavos. Senti-me tão chique por nem saber quanto custava o ônibus. Fiz o que qualquer pessoa sensata faria no meu lugar: Comprei um sorvete cascão enorme para pegar o troco. Eu ia começar a malhar; não fazia mal ganhar algumas calorias.
Finalmente começo a academia propriamente dita. Lugar cheio de espelhos. Qual é o lance de você ficar se sacando enquanto levanta uns pesos? Quer dizer, todo mundo finge que não tá olhando, mas dá pra ver que dão uma admirada em si, de soslaio. Aliás, eu sei que sou magro, mas tenho a nítida impressão de que espelho de academia foi feito para você parecer mais magro do que realmente é. Só pode.
Depois de alguns dias, me acostumo com os pesos. A instrutora olha pra mim:
- Diogo, você não está levantando pouco peso não?
- Não, pode deixar. Assim tá bão.
- Aumenta, Diogo!!!
Observei que sexta feira é o dia mais lotado na academia. Eu até entendo que as pessoas queiram ficar com o corpo em dia para o fim de semana, mas eles realmente pensam que em apenas um dia vão compensar tudo que não fizeram durante a semana? Notei também o cuidado e atenção que os personal trainers tem com suas alunas: “Olha, olha”. Se essas mulheres não dão ou sequer sentem vontade de dar para esses caras, eu sou Vovó Mafalda.
As aulas sempre acabam com bicicleta. Me parece sem sentido se aquecer depois que já se fez os exercícios, mas sei lá, eles entendem disso melhor do que eu. Aliás, todo o conceito de bicicleta ergométrica me parece sem sentido. Você pedala, pedala, e não sai do lugar. Pelo menos eu fazia bicicleta em frente uma televisão ligada no Chaves. No começo, a moçada ficava estranhando que eu era o único que fazia bicicleta dando risada. Com o tempo, muitos passaram a disputar espaço em frente á televisão.
O mais legal foi quando chegou a conta da consulta na casa da minha mãe, dias depois:
- Diogo, meu filho. Que história é essa de eletrocardiograma?

Obs: Meu amigo Ranieri foi meu professor de comédia stand-up e cunhou o termo “olha a mão, olha a palhaçada”.

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