quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

A última postagem do ano

Olá, didizeiros. Estamos perto do fim de mais um ciclo. Dá depressão toda vez que vejo nas lojas esses pisca-piscas do Paraguai. Sinal de que o ano tá acabando e a gente não fez porra nenhuma do que queria. Cada vez mais cedo os desesperados comerciantes põem na rua as luzinhas barangas. Daqui a pouco colocam imediatamente depois da páscoa. Tem coisa mais biscate do que aquele disco de canções natalinas tocadas na harpa? Ou “Então é natal”, com Simone, Ivan Lins e grande elenco? Ou usar branco no ano novo? O show do rei na Globo promete ser especial. Disseram que desta vez ele vai cantar “Emoções” e fazer alguns duetos.
Nem sei como estou escrevendo isso, tão tenso tem estado estes últimos dias. Coração tá quase saindo pela boca. Mas isso é assunto para o que provavelmente será a primeira postagem de 2011. Este blogue não foi muito produtivo em 2010, mas, ironicamente, este foi o ano em que o The Didi’s Abatedourus foi mais (mal) falado na grande imprensa internacional. Uma breve retrospectiva:
Na última virada de ano eu tava achando que ia ser pai. Minha vida teria mudado radicalmente. Isso depois que eu tivesse fugido para outro país. As aventuras da quase paternidade foram contadas naquela que, segundo leitores mais fiéis, foi a melhor crônica escrita por mim. Mas a que custo? Foi o texto em que eu mais havia exposto meus sentimentos e outras intimidades. Até então.
Pensei: O show do Guns será o último luxo ao qual me permitirei. A partir daí, levarei uma vida miserável para poder sustentar o moleque. Afinal, aquela seria uma história para poder contar para ele:
- Seu pai quando tinha a sua idade viu o Guns n’ Roses de perto.
- É mesmo, pai? Você viu o Slash?
- Aaammmmmmm, não era esse Guns.
O show da banda de 20 membros foi no Mineirinho. Em outras palavras: Não ouvi bosta nenhuma. Ainda mais com as pirotecnias que ecoavam no teto do estádio e demovam minutos para dissiparem totalmente. Axl deve ter exigido que se fizesse o show naquele lugar para que ninguém ouvisse quão desafinado ele está. Mas o filminho que passaram no telão era chique pra caramba.
Tivemos Copa do Mundo, evento que deixou como legado as vuvuzelas. Nem me lembre delas. Tudo isso em meio ao caso Bruno. Eliza Samudio em seu filme pornô:
- Me come, cachorro!
Hahahaha. O que mais chamou minha atenção nesse caso foi quando a namorada do Bruno mijou nas calças de medo. Eu não sabia que as pessoas realmente faziam isso. Achava que era apenas força de expressão.
2010 viu a proliferação dos videologs. Criou celebridades internéticas como Felipe Neto e PC Siqueira. Nos primeiros que vi, pensei: “Hum, taí uma forma mais simples e rápida pra eu poder falar minhas paradas”. Se eu tivesse dinheiro para uma câmera digital, teria me arriscado.


Pouco depois tivemos eleições. Não escrevi sobre o assunto porque acho que já tinha falado basicamente tudo dois anos atrás. Desta vez os humoristas foram proibidos de parodiar o horário eleitoral. Não é uma puta falta de sacanagem isso acontecer justo no ano em que o deputado mais votado do Brasil seja o Tiririca? Se eu pudesse, teria votado na Mulher Melão. Ela pode até não saber nada de política, mas já viu o tamanho da bunda dela?
Dilma Rousseff me forçou a fazer algo contra meus princípios: Votar em tucano. Foi eleita apesar de quase não ter mostrado a cara na televisão. Talvez porque não queria ninguém reparando que ela parece o Cauby Peixoto. Nada que tio Lula não resolva. Vou sentir saudade do filho da puta. O cara é biscate. Tomara que eu esteja errado sobre o futuro do Brasil. Geralmente dá merda quando se coloca mulher pra fazer trabalho de homem. Por causa desse tipo de comentário este foi outro ano que passei solteiro.
Numa mesma semana dois fatos inusitados ocorreram: Arranjaram-me um emprego foda num lugar aí. E uma mocinha do passado ressurgiu do nada. Finalmente minha vida tava entrando nos eixos. Às vezes coisas boas acontecem com pessoas boas. Às vezes acontecem comigo. Na semana seguinte:
- Aqui Diogo, o lance da vaga lá não vai rolar mais.
- Olha Diogo, eu tô confusa sobre o que quero da minha vida agora.
Tinha começado a escrever um texto para postar no dia dos namorados. Passou uma semana da data e não tinha nem metade dele pronto. Acabei postando numa época totalmente nada a ver. Acho que foi meu preferido até agora. Pelo menos serviu para mostrar que o blogue voltaria à programação oldschool longe das polêmicas.
Como assim que polêmicas? Por onde você tem andado? Depois de meses continuo recebendo a média de um email malcriado por dia. E acho que isso vai ser eternamente, já que sou o primeiro resultado para “piores bandas de rock” no Google. Agora, como o cara me procura “piores bandas de rock” no Google e não quer passar raiva?
Permita-me mostrar alguns números: Descobri que tinha gente falando de mim num fórum da Uol. 146 comentários. Aqui no blogue 264 comentários. Orkut, 1.152. Uau! Isso sem contar as comunidades de conteúdo reservado. De tempos em tempos dou uma conferida pra ver se ainda tão falando de mim. Vi duas menções ao The Didi’s Abatedourus no Twitter. Pena que não sei usar a parada. Se soubesse usar o Facebook, veria se tem alguém falando de mim lá também. Nem sei como me descobriram.
Teve gente brigando por minha causa. Muahahaha. Recortaram e colaram textos meus, sem dar o devido crédito. Se eu ganhasse dinheiro com isso, teria ficado puto. Nesse meio tempo um fã de rock tentou me hackear e me ameaçou de morte (!). Por algum motivo, muitos disseram que acho My Chemical Romance a melhor banda do mundo. Não sei de onde isso foi tirado. Provavelmente porque ilustrei uma postagem com capas de disco, a deles inclusa.
Nesse mar de hostilidade achei alguns fãs. Alguns me adicionaram no Orkut e no MSN. Lisonjeia-me que pensem que sou alguém gente boa e que queiram ser meus amigos. Se alguma mulher que me adicionou morasse aqui em Belo Horizonte, teria me aproveitado da relação ídolo/fã. Enfim, talvez dessa vez que eu fique rico. Ou quem sabe o Jô Soares me entreviste? A imagem vai ficando embaçada...


- Ele está fazendo sucesso tremendo na internet com o blogue The Didi’s Abatedourus. Conhecido como Tio Didi, eu vou conversar com ele: Diogo Torres. Diogo, vem pra cá.
- Olha Jô, eu sempre quis ser famoso a todo custo. E hoje em dia, para ser famoso, você tem que ter uma idéia original assim como o Felipe Neto e o PC Siqueira. Foi aí que eu tive um clique: Vou fazer uma lista musical. Ninguém jamais fez isso. A gente que é artista tem que ser ousado, Jô.
- Nem sempre...
- Jô, você não é artista. Não entende dessas coisas. Sabia que eu também toco bateria?
- Pode dar uma canja pra gente com o Derico e o Bira?
- Ah não Jô, acho que não devo. Tudo bem, eu toco.
- Eu estive aqui com essa simpatia...
- Aaaaahhhhhhh.
- Também gostei muito. Daqui a pouco a gente volta.
- Agora dá pra largar meu braço, ô gordo filho da puta?

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

A gente não tá namorando não né?

Aqui está a primeira parte da saga. Continuando...


Outro dos maiores dilemas da humanidade é saber se está ou não está namorando. E a filha da puta da Ana Paula achava que não era da conta de ninguém especificar seu estado civil no status do Orkut. Afortunadamente, pouco tempo depois veio o dia dos namorados. Viria para definir que tipo de putaria era aquela. Não vou comprar porra de presente nenhum enquanto ela não der dica que vai fazer o mesmo. André era, sim, romântico. Mas mesadas não nascem em árvores, sabe? Além do mais, quem estava cheio de coisa para estudar agora era ele. Era fim de semestre na faculdade. Não vou perder tempo indo no shopping para acabar me humilhando mais e, ainda por cima, perder média na prova final.
A essa altura as famílias dos dois vizinhos já haviam se tornado amigas. Porém, não era aberto que os jovens estavam se pegando. No dia 11 de junho, um dia antes do dia dos namorados, Dona Andrezona, mãe de André, chega no quarto do filho, fingindo desinteresse:
- Aquela menina que mora aqui em cima...
- Ana Paula.
- Essa. Me ligou no serviço, fazendo umas perguntas sobre onde é que eu tinha comprado aquela sua camisa de sair...
Pronto! Era tudo que eu precisava ouvir. Afinal de contas, se não era para comprar um presente para mim, ela podia ter falado diretamente comigo. Eu tô aqui em casa o dia inteiro. André largou imediatamente os estudos, pediu emprestado o carro da mãe e foi ao shopping. Tava meio de coração apertado por saber que iria mal na prova e, mais ainda, por gastar aquela grana fudida. Mas valeria a pena porque agora podia dizer que tinha uma namorada de verdade. Mas o que comprar para aquela vaca? Àquela hora somente o hipermercado do shopping estava aberto. Lá tinha uma gôndola de CDs, dentre os quais, o novo do Slipknot. Lembro-me bem de, uma vez que estávamos na casa dela vendo clipes, ela falou:
- Até que é legalzinho.
André não teve dúvida. Ia ser um daqueles presentes românticos, com significado. Representaria aquela vez que viram o clipe da banda juntos. Comprou também uma daquelas caixas de presente e colocou o CD dentro. Já em casa, lembrou-se de que faltava o cartão. Teve uma idéia: Vou escrever numa folha de papel branco e colar na tampa da caixa: Nossa, Aninha Paulinha, em tão pouco tempo já passamos tanta coisa juntos...e enumerou resumidamente os fatos narrados até aqui...e até agora estou adorando te conhecer cada dia mais. Beijos, André. Hum – pensou ele – tá pessoal demais. Apesar de tudo, ele ainda não tava se sentindo totalmente seguro. Fazer o seguinte: Vou entregar numa sacola de supermercado mesmo, pra ficar um pouquinho menos romântico. No dia 12, se encontraram no hall do prédio. André aproveitou e fez uma brincadeirinha, tentando confirmar o status daquela relação:
- Feliz dia dos namorados.
Ana Paula respondeu com um “pois é” ou qualquer outra coisa evasiva. Marcaram de sair para o buteco mais romântico da cidade. Como Seu Andrezão e Dona Andrezona também sairiam para comemorar o dia dos namorados, Andrezinho ficou sem carro. Tudo bem, combinaram que Ana Paula dirigiria até o The Didi’s Abatedourus Steak House. Plim! Encontravam-se os dois agora sentados à mesa do elegante buteco:
- Trouxe uma sacola de supermercado pra você. Presente de dia dos namorados...
- Mas a gente não tá namorando não né?
- O que? Nós? Haha, não seja ridícula. Claro que não, claro que não.
Uma bicuda no saco com sapato de bico fino e ferrinho na ponta. O que significava tudo aquilo então? André Trouxão Bernardes passou a noite inteira querendo perguntar pra ela: Por que porra você foi ligar para a minha mãe então, piranha? Mas não conseguia encontrar maneira ainda mais educada de dizer isso. Fora o medo de passar um constrangimento ainda maior: Oh, você achou que eu queria dica para comprar um presente para você? Que fofo, gente! Na verdade, a prostituta da Ana Paula também tinha ficado constrangida com a situação. Inclusive, fez algumas tentativas para tentar amenizar aquilo:
- Quando é o seu aniversário?
- 1º de fevereiro.
- Hum. Tá longe ainda. Mas pode deixar que eu vou comprar um presente bem legal para você. Fica sossegado.
- Tá.
- Quer saber? Fazer o seguinte: Vou pedir uma porção de quibe e você come comigo. Será o meu presente para você.
Passaram a noite os dois bastante perturbados. Tentavam desviar do assunto. Ana Puta, digo, Ana Paula revelou que naquela noite não iria dormir em casa, mas sim na casa de sua avó. No dia seguinte bem cedo as duas viajariam para sua terra natal, a Casa do Caralho. Então, para variar:
- Tenho que ir embora mais cedo hoje. Amanhã de manhã eu e vovó viajaremos.
- Hum. Que horas vocês viajam?
- Olha, você faz perguntas demais. Eu não gosto de ficar dando explicações da minha vida para ninguém e bláblábláblá...
Gente, a menina tá doida. Fiz uma perguntinha boba e desinteressada só para render conversa. Ana Paula pediu a conta e, estrategicamente, pediu licença de ir ao toalete. Não satisfeita em partir meu pequenino coração, a vaca nem vai pagar a porção de quibe que prometeu. Se soubesse que ia sobrar pra mim, teria pedido pimentinha. Subitamente André se lembrou do bilhete que havia colocado na tampa da caixa. Ana Paula nem chegou a ler. Tinha que arrancar aquele troço dali rápido, antes que ela voltasse do banheiro.
- O que você tá fazendo?
- Você foi rápida.
- Fui só dar uma salgada no bacalhau. Ou você acha que eu vou fazer uma obra de arte barroca aqui? Esse tipo de coisa eu só faço em casa.
Nossa, a menina tá atacada mesmo. Ela nunca tinha sido tosca assim comigo. Não satisfeita, resolveu abusar um pouquinho mais do nosso herói:
- Posso saber o que é que você tá fazendo com meu presente?
- O presente quem deu foi eu. Eu escolho ficar com a tampa pra mim. Achei ela do caralho.
Era mais de meia noite. De volta ao carro de Ana Paula ela avisou que, apesar de não dormir em casa, levaria André até o centro para que ele pegasse um ônibus. Que ser humano esplendoroso! É bem verdade que ela podia ter estendido um pouquinho mais a carona e deixado o bravo cavalheiro em casa. Mas aparentemente queria passar o mínimo possível de minutos constrangedores ao lado daquele cara. André desceu do carro, ficou dois minutos no ponto de ônibus e resolveu ir a pé para casa. Atirou a tampa do presente longe, como um frisbee. Idiota, idiota, idiota, idiota! Logo depois veio o choro. Tomara que até chegar em casa meus olhos já tenham secado.
- Como foi o dia dos namorados, filhão? Paquerou muito?
Respondeu qualquer coisa e foi direto para o quarto, virando o rosto para não verem seus olhos inchados. Ligou o computador: Oi Aninha Paulinha, como vai você? Espero que melhor do que eu. Fiquei muito triste com o ocorrido desta noite. Gostaria de pensar que tudo não passou de um mal entendido... O texto tinha 7.351 caracteres. Enviou para o email da garota. Ela leria quando voltasse de viagem. André estava ansioso pela resposta. Duas semanas depois, se encontram no hall do prédio:
- Olha só quem o vento trouxe. Como foi de viagem?
- Nó, bom demais da conta. A gente saiu para blábláblá...também encontrei com blábláblá...e eu blábláblá horrores...
- Aposto que ficou com vários carinhas da terrinha hahaha.
- Aff. Quem você está achando que sou? Vários não. Um só.
Que? Como assim? Como se fizesse diferença um ou mil caras. Ela conta que ficou com outro assim, na tora? Eu sou o que, afinal de contas? Um chegado dela? O amigo gay dela?
- Você chegou a receber o email que te mandei?
- Recebi sim.
- ...................
- Aqui, é pra responder ele?
- Precisa não, boneca.
Claro que precisa, sua puta! É o mínimo depois de eu escancarar meu coração para você! Mas se precisa perguntar, é melhor nem responder mesmo! Quer saber? Vou subir agora lá em casa e ligar o MSN. A primeira que aparecer online eu chamo pra sair. E foi o que fez. Em poucos minutos marcou um cinema para dali duas horas com uma colega de faculdade. E olha que nem precisou muito esforço. Ela era ainda mais bonita do que a biscate da Ana Paula. Yes! Vou mostrar praquela baranga e para mim mesmo que ainda tenho poder de fogo. Toca a campainha:
- Oi, Dé. Vamo tomar um sorvetinho ali na esquina?
- Vamo, vamo, vamo.
Era mais forte do que ele. Aqueles olhinhos de mel de cílios longos e sobrancelha feita sugavam toda energia vital do Capitão Idiota. André disse que só ia resolver um assunto rápido e se encontraria com ela lá em baixo. Digitou qualquer coisa sobre tia doente para a mocinha da faculdade, desmarcando o cinema. Puta que pariu, o moleque já tinha conseguido dar um passo à frente em direção à auto-estima. Para que esse retrocesso? E Ana Paula ainda tinha dito que a vida dela era mais simples e leve antes de André entrar nela. Sempre repetia para si mesmo: Essa mulher acha que eu não tenho sentimentos? Que sou alguém que ela pode ligar e desligar a hora que bem entender? A partir de hoje ela pode me implorar, mas eu não saio mais com ela.
- Dé, e o nosso sorvete?
Pô, um sorvetinho nesse calor até que pega bem né? Ele não oferecia nenhuma resistência. Se oferecesse, era só Ana Paula soltar um “deixa de ser chato” que conseguia o que queria. André tentava se afastar, seguir em frente. Por vezes era até seco. Mas Ana Paula parecia um encosto. Apesar de nunca admitir que tava simplesmente afim da companhia de André. Sempre precisava de um pretexto absurdo:
- Oi Dé, você ligou no meu celular?
- Não.
- Engraçado, apareceu seu número aqui. Mas vem cá, como é que você tá?
Todas as vezes que cedia ao joão-sem-braço da menina ele tinha vontade de deixar o telefone cair na parede. Com o tempo, Ana Paula se mudou. Gradativamente foram perdendo contato. Ficou sabendo que ela tinha começado a namorar um primo dela. Tomara que tenham um filho e ele nasça retardado! Sabe o que foi o pior nessa história? Durante todo esse tempo André nem chegou a comer Ana Paula.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Mulher não tem alma

Fazia poucos dias uma família tinha se mudado para o andar de cima. Pai, mãe e uma filha. Devia ter uns 19, 20 anos. Ana Maria era o nome dela. Ou seria Ana Carolina? Peraí, é Maria Carolina. Só sei que é um nome composto. Hum, melhor subir lá e confirmar, sob um pretexto escuso:
- Boa tarde, a síndica está aí?
- Síndica? A gente acabou de se mudar.
- Ó menina, toquei no apartamento errado então. Me desculpeee...
Disse isso inclinando o pescoço e apontando para ela completar a frase.
- Ana Paula.
Oh, Ana Paula é o nome da filha da puta! E bateu uma palminha. Que nome doce! Que dia feliz! Então minha futura esposa se chama Ana Paula. Ok, posso me imaginar fazendo isso. Fazia uns dois minutos que a mente dele estava viajando. Ana Paula já estava agoniada com aquele tarado olhando para ela sem dizer nada:
- Pois é, boa sorte na sua procura. Tchau.
A porta estava quase fechada quando ele se lembrou de colocar a cabeçona entre a porta e a parede. Logo depois veio a mão, vinda ainda de trás da já semi-fechada porta:
- André.
- Perdão?
- André Carvalho Bernardes, satisfação. Seja bem vida ao condomínio. Depois eu te ensino a manha para abrir o portão da garagem.
- Uai, não é só apertar o botão do controle?
- Oh, já te ensinaram então.
Até agora a mão de André estava esticada, esperando um cumprimento. Ana Paula ia responder à saudação com um tapinha e um soquinho Super Gêmeos, mas André colocou a outra mão por cima, fazendo um Big Mac de mãos. Tinha de admitir uma coisa: Ana Paula não era especialmente bonita. Por exemplo, não tinha bunda e era barriguda. Era o Bob Esponja de costas. E o Patrick de frente. Mas tinha um olhar encantador. Sabe aqueles olhinhos de mel, aqueles cílios longos e aquela sobrancelha feitinha? Ainda falava miando e tinha um inebriante cheirinho de Mirabel de morango. Apesar deste primeiro contato meio desencontrado, André foi persistente e continuou fazendo visitinhas freqüentes à vizinha:
- Você tem um pouquinho de açúcar?
Detalhe é que ele sempre punha um shortinho curto ao fazer essas visitas. Tenho que valorizar o material né? Alguém alguma vez tinha dito que ele tinha a perna bonita. Na verdade, ele só tinha as perninhas gordas. Ana Paula namorava um carinha. Eventualmente, acabou cedendo àquela amizade forçada. Mas era sempre ele quem procurava ela, nunca o contrário. Falavam sobre várias coisas, mas ele sempre conseguia enveredar qualquer assunto para o tema namoro/relacionamentos/putaria:
- Hum, cafezinho gostoso esse. Me lembro de uma ex minha que odiava café. Já te falei da Vanice?
- Hoje?
- Dizia a menina que me largou por causa da faculdade, acredita?
- Sim, e que ela acabou não estudando porra nenhuma. E que logo depois começou a namorar outro cara...
Ana Paula era um Pokémon muito mais evoluído do que André. Saía todos os finais de semana. Já tinha trabalhado uma vez na vida. Conhecia um monte de bandas alternativas. Sabia o nome dos diretores cult. Lia livros. Não conhecia quase programa nenhum de TV. Tinha um carro só seu. Conheceu a Europa. Havia experimentado vários tipos de drogas. Transou com muito mais gente. Não bastasse tudo isso, tinha mais de 400 amigos no Orkut. Não entendo como uma pessoa consegue ser e fazer tudo isso. André já se sentia inferior a qualquer mulher. Com Ana Paula então, nem se fala. É muita areia para meu caminhãozinho, mas posso fazer duas viagens. Não se engane: Ela também confessava os segredos mais íntimos de sua vida sentimental:
- Nossa, meu amor ainda não me ligou hoje.
- Talvez a relação de vocês tenha esfriado. Já parou para pensar nisso? Você é uma menina legal, bonita, inteligente. Se fosse namorada minha, eu não deixaria de dar assistência nunca.
Dizia isso segurando a pequenina mão de Ana Paula entre as suas. André era um irremediável altruísta. Sempre disposto a ajudar. Ainda mais quando se tratava de destruir o relacionamento alheio. Sempre nessas conversas, André soltava esse tipo de cantada biscate. Se ela levar na brincadeira, ok eu também estou brincando. Se ela se render, brincadeira é o caralho, eu tô é falando sério. Cada vez que conversavam sobre o assunto, ele tentava aproximar mais sua boca da boca dela, esperando que a osmose fizesse o resto do trabalho.
A passos lentos, parecia que a influencia de André tava surtindo efeito. Abençoadamente, a relação de Ana Paula e Aquele Carinha Lá esfriava cada vez mais, a julgar pelos relatos da menina. Seria a hora propícia de atacar? André tentava mostrar o quanto ele era a antítese de Aquele Carinha Lá. Sempre que ele achava que Ana Paula estava finalmente se rendendo ao seu charme, a moça vinha com um discurso ainda mais longo:
- Ai, mas eu amo ele. Não nasci para viver sozinha e blábláblábláblábláblá.....
André ouvia atentamente ao blábláblá, mostrando que se preocupava. Ou isso ou apenas balançava a cabeça afirmativamente, sei lá. Como assim viver sozinha, filha da puta? Ó eu aqui na sua cara te passando cantada o tempo todo. André recebia as declarações de Ana Paula como um soco na boca do estômago. Ainda mais porque ela era daquelas pessoas que respondem a tudo com uma tirada. Quando André vinha com uma cantada, ela respondia com um “arrã” ou um “tá bom”. Como ela falava miando, a acidez dos comentários era perdoável. Mas também, André sempre vinha com frases aleatórias, daquelas pretensiosamente profundas, mas que não querem dizer nada:
- Nunca se esqueça de que a verdade está dentro de você.
Como se a menina fosse cair em algo tirado da Caverna do Dragão. Falavam-se também por MSN, onde André digitava filosofias de vida intermináveis, que Ana Paula demorava um tempão para acabar respondendo simplesmente com um “aff” ou com um emoticon sorridente. Depois de muitas idas e vindas, Ana Paula finalmente terminou com Aquele Carinha Lá. Num surto de desespero, interfonou para o vizinho, querendo se aproveitar da paixão do moleque:
- Não tô agüentando mais essa depressão. Preciso de um cigarro. Me empresta R$4,00? Semana que vem, quando receber minha mesada, te pago.
- Olha Aninha Paulinha, não me sentirei bem fazendo isso...
- Poxa, como é que você quer ficar comigo, sendo que na hora que eu preciso de você, você me nega um favor?
- Bem, eu não pretendia ter que te dar dinheiro para ficar com você. Na minha inocência, pretendia ficar com você de graça, mesmo. Aqui no prédio a gente tem um nome para pessoas que ficam com os outros em troca de dinheiro.
Uau! André foi fodão nessa. Quer dizer, teria sido se não tivesse respondido isso depois de Ana Paula ter batido o interfone na cara dele. Isso não vai ficar assim. Mas não vai mesmo! Vou subir lá e falar uns desaforos para aquela piranha. Ana Paula estava tentando segurar o choro quando ouviu a capainha. Mas quando abriu e viu o punheteiro do andar de baixo, abriu o berreiro ao mesmo tempo em que avançou no menino, num beijo desengonçado. Soluçava e fungava ao mesmo tempo em que tentava eroticamente beijar o vizinho. André correspondia, mas afastava o quadril. Pegava mal a menina chorando copiosamente e ele de barraca armada. Estava difícil disfarçar, já que praticamente dava para escoteiros acamparem ali. Não disseram mais nada um para o outro.
Quando foi embora, André desceu saltando lances de escadaria inteiros. Não gritou porque não queria que a amada ouvisse. Quando chegou em seu apartamento, fechou a mão e deu uma cotovelada para trás, acompanhada de um sonoro “yes”. Até aqui tinham sido meses de luta. Quando se consegue beijar, melhor, quando se é beijado por uma pessoa tão ácida como aquela, o gosto de vitória é ainda mais especial. Se tivesse um carro, estaria agora dando voltas no bairro e tocando a buzina no ritmo das batidas frenéticas do coração.
Os dois começaram a ficar mais ou menos na época da páscoa. Será que eu compro um ovo pra ela? Mas e se ela não me der nenhum? E se eu der um Diamante Negro e ela me der um chocolate hidrogenado? E se eu der um ovão e ela me der um coelhinho de chocolate? Desde os primórdios da humanidade, a incompatibilidade entre ovos é uma das situações mais constrangedoras de que se tem relatos. Sabe-se que quanto mais se gastou no ovo, mais mostra o quanto a outra pessoa significa pra você. Quer saber? Não vou arriscar gastar dinheiro à toa. Melhor não comprar nada. Domingo de páscoa, a menina bate a campainha na casa do moleque:
- Trouxe para adoçar a sua vida.
Era uma caixa de bombons Erlan. Mas teve para André uma importância fudida. Significava que a menina se importava com ele. Desarmou-se todo. Ela me ama! Ela realmente me ama! Ironicamente, estavam se vendo com bem menos freqüência do que antes daquele primeiro beijo. André queria que Ana Paula fosse mais presente em sua vida. Queria exibi-la para os amigos. Mas a coisa mais difícil era conseguir fazer com que a menina saísse com ele:
- Tô precisando estudar pra uma prova segunda-feira, sabe?
Tudo bem, era compreensível. Só não era compreensível a freqüência com que isso acontecia. Menos compreensível ainda era o diálogo do dia seguinte:
- E aí, estudou muito ontem?
- Bem que eu quis. Mas aí sentei no sofá pra ver um filme, aí o filme emendou no outro filme...
- E aquela história de que não ia sair comigo porque ia estudar?
- Olha, eu sei bem o que eu tenho e o que eu não tenho que fazer. Não precisa ficar regulando.
Oh meu Deus! A história estava se repetindo. Foi o mesmo que tinha acontecido entre André e sua ex, Vanice. Parecia que não era permitido ao menino que ele sossegasse e fosse feliz. Quando, a muito custo, conseguia que a menina saísse com ele, a primeira coisa que ela dizia era:
- Ó, não posso ficar muito tempo não. Tenho que voltar pra casa cedo.


Continua na semana que vem...

domingo, 26 de setembro de 2010

As 18 melhores bandas de rock do mundo

Você pediu, Tio Didi atendeu: Aqui está meu conceito de música boa. Enquanto a lista dos piores do rock tinha 180 bandas, esta tem apenas 18. É mais fácil falar mal do que bem. Para mim, quase todas as músicas boas seguem quatro vieses: Os rockões agitadões (melhor representante: Bloodclot – Rancid), as açucaradas (melhor representante: I won't stand in your way - Stray Cats), as viajandonas (melhor representante: And so I know – Stone Temple Pilots) e as biscates (melhor representante: The beatiful people are ugly too – The Clash). Gosto quando elas assumem totalmente sua identidade, sem dar uma amenizada no meio do caminho. Por exemplo, não gosto quando pegam uma música pesada e colocam trechinhos melódicos no meio. Quero ouvir um rockão que dá vontade de sair quebrando tudo e atropelando todo mundo na rua. Balada boa é aquela que te faz arrepiar e seus olhos marejarem. Não é legal quando colocam um violãozinho safado, ou pior, uma batida eletrônica no meio. Um bom exemplo de música que vai caminhando para algo fodão, mas que acaba peidando na farofa é Sell out, do Reel Big Fish (a gurizada punk vai me matar por ter dito isso). Já que estou blasfemando, aqui vai mais uma: Bohemian rhapsody, do Queen (86) seria emocionante, não fosse o corinho no meio.
Minha história com a música começa no longínquo ano de 1982. Era o início de uma nova era para a humanidade. Nascia Tio Didi (que naquela época era chamado apenas “Didi”). Como a maioria das crianças eu não tinha artista preferido ou gosto musical definido. Talvez o New Kids On The Block na época do Rock In Rio II. Isso até 1991, quando o Fantástico mostrou o clipe de Black or White, com o Michael Jackson (104) parecido com a Vamp. O cara tava na praça a um tempão, mas só virei fã a partir dali. Comecei a acompanhar o Fantástico – o Show da Vida, sempre na esperança de uma possível estréia de um novo clipe do figura. Tinha uma fita K-7 do Michael que eu ouvia todos os dias enquanto fazia meu para casa. Também eu era daqueles que imitavam, dançando com a mão no saco e tudo mais. Mamãe morria de vergonha.
Em 1994 papai comprou TV a cabo lá pra casa. Eu via MTV pra caralho. Crazy, do Aerosmith (127), era a música que tava bombando. Depois que descobri que aquela era a terceira parte da trilogia Cryin/Amazing/Crazy, a banda do boca de caçapa passou a ser minha preferida. Sai Michael, entra Aerosmith. Eu era o único fã de rock no colégio. As FMs só tocavam house. Também gostava de Soudgarden, Stone Temple Pilots (164), Nirvana (102) e Guns n’ Roses (68). O Guns tocava na rádio desde que eu era criança, mas só fui prestar atenção mesmo depois da MTV. Kurt Cobain já tinha empacotado quase um ano, mas só fui saber quem era graças, novamente, à Music Television.
Pouco depois da morte do Kurt surgiu o Green Day (88). Sempre pensava comigo mesmo: “Engraçado, tanto o Green Day como o Nirvana têm uma coisa diferente das outras. Sei lá, uma falta de produção, uma simplicidade”. Hoje todos nós sabemos que aquilo, de um jeito ou de outro, era punk rock. Procurei em lojas de disco (lembra delas?) uma banda que tivesse som parecido com o do Green Day. Sai Aerosmith, entra NOFX (130), a primeira que conheci sem ajuda da MTV e bem antes de existir internet. É minha banda preferida faz uns 15 anos. Por essas e outras considero a década de 90 a melhor da música. Pudera, foi aí que vivi meus oito a 18 anos. A fase que a gente mais forma nossa identidade musical. A maioria das minhas bandas preferidas até hoje surgiu ou alcançou o auge nesta época.
Eu era um menino punkinho. Ou pelo menos achava que era. Mesmo assim, continuei secretamente gostando de Guns. Pensava que só iria revelar isso em meu leito de morte. Na época o NOFX fazia basicamente hardcore melódico. Talvez por isso até hoje eu considere o hc melódico um dos estilos mais adolescentes que existe. Ao contrário da maioria dos fãs de qualquer artista, não admiro meus ídolos da música por nada além da música propriamente dita. Pra dizer a verdade, Fat Mike, líder do NOFX, é um dos maiores idiotas que eu conheço no meio artístico.
Voltando para a música, para mim eles atingiram a grandiosidade depois, quando saíram do óbvio e passaram a variar em estilo e forma de mostrar o trabalho. Quantas bandas você pode dizer que vai ao show e reclama porque não estão tocando as músicas novas? Para se ter uma idéia, eles lançaram um hardcore de 18 minutos chamado The Decline. Isso muito antes do Green Day lançar o Jesus of Surubia. E melhor. Outra das minhas preferidas, The Living End, lançou a música The Room, também antes e com muito mais genialidade que o Dream Gay.
The Living End é outra que merece meu respeito. Conseguiu trazer inúmeras influências para o rockabilly, um dos estilos mais estagnados da música. Nos idos de 2000 eu escutava todos os dias o primeiro disco. Não é que, no ano seguinte, escuto o segundo disco e ele consegue ser mais pesado, mais elaborado, com músicas cheias de estruturas e, ironicamente, mais pop? Considero o disco Roll On como o melhor do rock ‘n’ roll de todos os tempos. Daí também saiu minha música preferida: Pictures in the mirror.
Engraçado como quanto mais velho a gente vai ficando mais retrógado fica nosso gosto. Ao contrário do que muitos pensam, sou até cabeça aberta. É verdade que 90% do que eu ouço é rock. E dentro disso uns 70% é a tríplice coroa punk/ska/rockabilly, essas coisas de moleque street punk da Savassi. Só faltou eu freqüentar a Savassi. Mas se você fala que a música de hoje é uma bosta, boa parte da culpa é sua. Do mesmo jeito que você tem bom gosto, um monte de gente também tem. É só pesquisar e não ficar só preso ao que a TV e o rádio tocam. Para mim o Avenged Sevenfold (65) é a melhor coisa que aconteceu para a música nestes últimos anos. Quem gosta de qualquer tipo de metal tem que conhecer. O problema é que, com um puta aspecto emo ridículo do caralho, as pessoas têm preguiça sem conhecer. Passei por cima disso, provando que não ligo tanto para o visual como vocês dizem.
Não tenho nada contra o que faz sucesso. O que não suporto é música feita com o intuito de ganhar dinheiro. Todos nós somos obrigados a fazer coisas que vão contra nossos princípios por causa do nosso trabalho. Mas acho que a classe artística tem que ser diferente. Arte tem que ser feita com a alma, com integridade. Por isso acho o pop rock tão desprezível quando o axé. Uma das coisas que mais respeito num artista é quando ele não fica refém da fórmula de sucesso. Para não causar mais polêmica, um exemplo do que eu estou falando: Chiclete com Banana. Desde que eu nasci fazem exatamente a mesma coisa. Duvido que alguém realmente goste de ouvir axé na cabeça por tantos anos a fio. E olha que os caras têm bom gosto. Salvo engano, começaram como cover do Led Zeppelin (19). Ou eles ou o Asa de Águia, sei lá. Se você é fã de alguma dessas, saia desta página agora. Tenho vergonha de ter leitores como você.
Quando o Faith No More (128) lançou o primeiro disco com o vocalista Mike Patton, atingiu o auge do sucesso comercial. Gerou a famigerada expectativa do segundo disco. O segundo foi um tapa na cara da grande mídia. Não tinha nada de funk rock. Essa atitude é muito foda. O Faith me proporcionou uma das maiores alegrias dos últimos tempos. 11 anos depois do fim, não é que os caras voltam para uma turnê e fazem um show na minha cidade? Fiquei bem na grade e pulei igual um macaco. Já fiz sucesso com uma ou outra gatinha pela minha semelhança com o vocalista. Pessoalmente, acho que sou mais bonito. No dia do show não foi diferente. Arrependi-me de não ter ido à caráter. Normalmente gosto de ser eu mesmo, mas naquele dia bem que podia ter aberto uma exceção.
Rancid fez sucesso fazendo ska punk pop pelos idos de 95. No disco sucessor, ao invés de pegarem carona, fazem algo totalmente grandioso e experimental. Alguns gostaram, mas a maioria achou que a banda tinha morrido. O fodão de tudo foi dois anos depois, quando lançaram um toscão de 22 músicas em 37 minutos. Mais tosco do que o primeiro disco da carreira deles. O Guns (68), depois dos grandiosos Use Your Illusion, com músicas pomposas e de grande duração, lançou um disco de covers punk.
Uau! Desde então este tornou o meu sonho: Ter uma banda, lançar um projeto megalomaníaco para os fãs puristas acharem que a banda perdeu sua essência. E ao mesmo tempo conquistar um público diferente. Logo depois, lançar um disco simples e direto, mostrando que a banda não perdeu a essência porra nenhuma. Não vou nem falar dos Beatles (111) que tiveram a coragem de mudar para o rock mais elaborado no auge da beatlemania.
Foi lá pelos 15, 16 anos de idade que entrei para as aulas de bateria. Um dia antes de começar a tocar eu tava vendo na televisão um show do Chico Science & Nação Zumbi (152). Pensei: “Agora sou um deles”. E virei mesmo. Nos anos em que fiz aula de bateria participei de um grupo de percussão com o infame nome de Movidos a Bateria. Original pra caralho. Passei por algumas bandas de um dia. De 1999 a 2002 fiz parte da sensacional Silent Bob & The Jay Jay’s. Fazíamos o bom e velho punk/ska/rockabilly. Merecia o primeiro lugar na lista das 180... Bem que um dos caras da finada banda podia ter a moral de botar um link aí. Pelos idos de 2007 formei uma chamada Ruy Balboa. Eu fazia as melodias, a poesia, etc. Não é de se estranhar que não tenha ido pra frente. Falando em ir pra frente, uma das maiores alegrias que tive nos últimos anos foi ter comprado uma cocktail drum. Minha cunhada a batizou de R2D2. Agora eu toco em pé igual o cara do Stray Cats (122), véi! Como se pode ver, assim como todo crítico, sou um músico frustrado.
Vamos fazer uma lista dos melhores músicos? Vocalista: Lars Frederiksen (Rancid). Consegue ser ao mesmo tempo agressivo e alegre, cantando aos solavancos. Não confunda com Tim Armstrong, o outro vocalista do Rancid. Esse tem a voz de quem tá com um caralho na boca. Guitarrista: Chris Cheney (The Living End). Faz tudo que o Brian Setzer do Stray Cats faz, porém com mais velocidade e peso. Baixista: Para a molecada só existem dois memoráveis no mundo. Para os fãs do rock MTV tem o Flea, do Red Hot Chili Peppers (33). Para os punkinhos tem o Matt Freeman (Rancid). Fico com o segundo time. Aliás, enquanto escrevia o presente texto, foi lançado o primeiro disco solo do Matt, tocando baixo acústico. Lindo demais. Apesar de bateria ser o meu instrumento, não tem som mais bonito do que o de um baixo acústico sendo devidamente esbofeteado. Sempre quis tocar com alguém que tivesse um.
Baterista: Nossa, são tantos. Sou suspeitíssimo para falar. Ah, bota aí o Bernie Dressel (The Brian Setzer Orchestra), vai. Mais fácil falar os ruins: Rodrigo Barba – Los Hermanos (118), Fabrizio Moretti – The Strokes (103) e Ringo Starr – Calypso (111). Apesar de achá-los ruins, prefiro suas respectivas bandas com eles. Não fossem eles, essas bandas teriam um som diferente e talvez não fossem tão boas. Sei que tinha dito que o Travis Barker, do Blink (92) era o melhor do punk. Ainda acho isso. Você pode não ser fã da banda, assim como eu não sou, mas só de o cara conseguir sair do óbvio neste estilo que limita muito os bateristas, já merece meu respeito. Tem forte influência das marching bands, aquelas dos intervalos de futebol americano.
Apesar de ter o rock e o humor como algumas das minhas principais características, odeio rock engraçadinho. Bem humorado é uma coisa, mas engraçadinho não. Uma que acho legal neste quesito é o Beatallica, que toca isso mesmo que você está pensando (111,109). Outra é Garotos Podres (131). Quando você ouve nem imagina que o vocalista é doutor em história. Como sei que meu gosto é peculiar, jamais me imponho ao fazer festinhas aqui em casa. Se insistirem para eu colocar uma coisa minha, ponho o Me First and the Gimme Gimmes. Um supergrupo que toca versões hardcore de músicas famosas. Não tem como errar.
Ficou com vontade de ouvir todas as bandas acima? Eu, pelo menos, fiquei. Eis abaixo a fabulosa lista das melhores bandas de rock do mundo. Esses negocinhos vermelhos aí são links para quem tá com preguiça de procurar no Youtube:

18- Tiger Army – psychobilly
Melhor música: The calling

17- Pink Floyd (63) – psicodelia
Melhor música: Eclipse

16- Michael Jackson (104) – rei do pop
Melhor música: They don’t care about us

15- 311 – funk rock
Melhor música: Use of time

14- Me First and the Gimme Gimmes – versões hardcore
Melhor música: End of the road

13- Stone Temple Pilots (164) – rock alternativo
Melhor música: Black again

12- Avenged Sevenfold (65) – metal
Melhor música: Almost easy

11- Stray Cats (122) – rockabilly
Melhor música: I won’t stand in your way

10- Guns n’ Roses (68) – hard rock
Melhor música: Double talkin’ jive

9- Ramones (79) – punk
Melhor música: The job that ate my brain

8- The Brian Setzer Orchestra – swing
Melhor música: The dirty boogie

7- Madness – pop ska
Melhor música: Lovestruck

6- Faith No More (128) – metal alternativo
Melhor música: The gentle art of making enemies

5- The Clash (151) – rock
Melhor música: Rock the casbah

4- Rancid – street punk
Melhor música: Bloodclot

3- The Living End – punkabilly
Melhor música: Pictures in the mirror

2- NOFX (130) – skate punk
Melhor música: Freedom like a shopping cart

1 - The Beatles (111) – axé
Melhor música: A day in the life

É isso. Gostaria de agradecer a todos meus detratores por me proporcionarem um dos textos mais prazerosos de escrever. Apesar de considerar o NOFX minha banda preferida, Beatles é um caso a parte. De um lado tem as bandas que eu gosto e de outro, os Beatles. Considerada a maior banda de todos os tempos, merece totalmente o posto que ocupa. Faz direta e indiretamente parte da vida de quase todo mundo. Brian Setzer conseguiu a proeza de figurar com o Stray Cats e o Brian Setzer Orchestra em minha lista. Ia colocar as duas na mesma posição, com uma barra no meio. Mas têm estilos tão diferentes que cada uma merecia destaque. Acredito que a lista e tudo que foi escrito acima justifiquem toda a merda que andei falando nos últimos meses. Se ainda não concorda comigo, tomara que você morra de câncer.
Ainda mostrando como imagem é sim importante, ilustrei a postagem com algo totalmente inocente que eu sempre quis rankear: As melhores capas de disco. Percebe-se que houve certo padrão na escolha. Gostaria que vocês comentassem e dissessem quais ficaram faltando. Aliás, sugiro que cada um faça a própria lista das melhores bandas e coloque nos comentários. É bom saber o perfil dos leitores do Abatedourus. Acredito piamente que você é o que você escuta.
A idéia que tenho de o que é rock é a mais boba e simplória de todas. Tem baixo, guitarra e bateria: Beibe, é rock. Se a guitarra for distorcida então, não tem o que discutir. Por isso não entendi gente falando que Planet Hemp (163) e Mamonas Assassinas (106) não são rock. São o que então, bonitão? Além disso, toda música pop feita da década de 50 para cá eu considero como um subgênero do rock, também. Por isso tantas bandas aparentemente nada a ver na lista das piores. Se colocasse um título mais abrangente como “As piores bandas da música”, ia ter de colocar uma caralhada de axé music no meio, o que ia ser muita forçação de barra.
Antes de eu ir embora, um pouquinho de rancor que sobrou. Dia desses eu tava na comunidade do Avenged Sevenfold (65) quando vi o tópico “As piores bandas de rock do mundo”. Pensei: “Interessante, alguém mais fez uma lista”. Qual não foi a surpresa ao saber que há desconhecidos meus fazendo propaganda do Abatedourus na praça. Havia mais de 80 comentários quando, pela segunda vez, apagaram o tópico por ter virado motivo de discórdias. Colocaram link pro meu perfil e tudo mais. Neguinho falou mal até do meu cavanhaque de pegar mulher. Depois quem preocupa com o visual sou eu. Dia seguinte eu percebo que tem um bando de fãs do Linkin Park (29) visitando meu perfil. Fui na comunidade deles ver o que estava acontecendo. Não é que tinha outra pessoa fazendo propaganda lá também?
A quem criticou por ter colocado artistas solo numa lista de bandas, só posso mandar ir chupar um pinto de jegue. Como se artistas solo realmente tocassem todos os instrumentos num disco. Melhor: Como se a maioria dos grupos, apesar do nome de banda, não passasse de projetos solo de seus respectivos vocalistas. “É muito fácil fazer crítica baseando-se em gosto pessoal”. É claro que a crítica é baseada no meu gosto pessoal, seu viado. O blog leva a porra do meu nome. Talvez eu devesse ter colocado o título: “As 180 piores bandas e artistas solo de rock e outros estilos, mas principalmente rock, do mundo na opinião de Tio Didi, que, por sinal, é autor deste blog”. Agora chega de polêmica. Semana que vem falaremos sobre religião.

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Justiça Eleitoral concede direito de resposta ao blog The Didi's Abatedourus

Passei uns dias pensando se deveria ou não escrever este texto-resposta a todos que tem me chamado de burro, ignorante, feio e cara de mamão. Um tal de Anônimo foi a pessoa que mais me xingou. Mamãe sempre me disse que quanto mais a gente mexe na bosta, mais ela fede. A véia sabe das coisas. Seria bom não alimentar o assunto, ainda mais agora que ele já esfriou. E outra: Quanto mais a gente tenta explicar uma piada, mais sem graça ela fica. Mas acabei resolvendo escrevê-lo, pois achei aí um bom pretexto de discursar o que eu considero música boa e música ruim. Também um pouco da minha história com a música e, entre parênteses, a posição das bandas citadas na lista das piores. Inclusive, fiz aquilo que muitos pediram: Minha lista das melhores bandas. E de quebra, uma música que eu indico de cada uma, os melhores instrumentistas, as melhores capas de disco, para não dizerem por aí que só sei falar mal. Verão que as minhas preferidas são as mais dignas de gozação de todas. Para você sentir o drama, entre meus nacionais preferidos, entram Roberto Carlos (90) e Roupa Nova (139). Servirá para me redimir ou para acabar de piorar a merda de vez. Mas só postarei tal texto daqui uns dias. Antes tem um monte de choradeira e mimimi da minha parte.
Para quem não sabe, postei a última parte da lista com as piores bandas de rock do mundo numa noite de sexta e enchi as comunidades que participo com spams. Nem tinha acabado ainda e já tinha gente respondendo. Fiz um lanchinho rápido e, quando voltei, aconteceu o que eu esperava: Na comunidade do Avenged Sevenfold (65) já havia mais de 20 comentários me mandando enfiar a lista no cu. Pensei: “Vou dormir e amanhã, se não tiverem apagado tudo, dou umas risadas”. Resultado: Apagaram tudo. Somando aqui no blog e nas comunidades devo ter recebido até agora uns 300 comentários. As mais defendidas foram Living Colour (177) e Judas Priest (166). Quem teria imaginado isso? Tinha até Beatles (111) no meio e ninguém falou nada. Ironicamente, nas comunidades de punk rock, onde teoricamente deveria ter os mais radicais e intolerantes, foi onde o pessoal mais me entendeu. Talvez porque punk rock seja irônico por natureza. Quem mais se rebelaria contra o sistema dentro de uma jaqueta de couro de R$300,00?
De cara vou mostrando o comentário que elegi como o pior de todos: “Diogo vi seu blog e achei uma perda de tempo. Você tenta ser engraçado ou ‘cool’ sei lá, mas não funciona, não deu certo. Simplesmente desista...”. Olha, você pode me chamar de burro, viado, desonesto. Jamais me chame de sem graça. Já deixei de conversar com gente porque falou isso. Sabe o que é pior? O autor do comentário tem como foto do perfil ele tocando guitarra. Imagine alguém não gostar da música dele e disser: “Simplesmente desista”. Teria isso sido educado? Decidi que quando eu virar blogueiro profissional, contratado por um site multimilionário, esse sujeito vai ser o primeiro a ter isso esfregado na cara. Guardei o nome do figura.
Muitos falaram que, com a lista, eu estava apenas querendo aparecer. Sim, queria divulgar meu blog. Através do texto, talvez alguém fosse ler postagens mais antigas e descobrir meu excepcional talento. Acho que ninguém fez isso. Falha total no meu empreendimento. Agora, qual a diferença do que fiz para um cara que coloca um link numa comunidade dizendo: “Escuta minha banda aê” ou “Olha eu tocando Sweet Child O’mine na guitarra”. Sempre vejo comentários do tipo: “Sua banda é uma merda”. As pessoas têm mania de achar que, por estarem na internet, a educação é dispensável. Amizade, não seja virtualmente aquilo que você não é na vida real. Fui há uns 10 anos atrás num show do Ira! (173) com abertura da banda Último Número. Muitos vaiavam a banda de abertura e gritavam para eles irem embora. Pensei na palhaçada que aquilo era. Imagina você mostrando seu trabalho enquanto as pessoas, ao invés de ficarem quietas, vêm com falta de respeito.
Nos mais de dois anos que escrevo neste blog, praticamente só recebi críticas elogiosas, falando que sou engraçado, escrevo bem e blábláblá. Porém, nas vezes que resolvi falar de música a moçada veio falar que eu escrevo de um jeito infantil e tudo mais. Caso não tenha percebido, o jeito infantil de escrever foi proposital, sua mula. Ano passado, quando mudei a cor do blog de preto para branco, fiz uma piadinha com o Michael Jackson (104). Não é que veio fã da peça rara encher o saco? Quem defende irracionalmente e toma como pessoais as ofensas feitas a um artista está vivendo a vida dos outros.
Não vou mentir: Desde o início sabia que a polêmica seria inevitável. Que cerca de 90% viria com ataques pessoais e 10% diria: “Haha, é isso aí, a banda que eu gosto é ridícula mesmo”. Digo-te que foi para os 10% que escrevi. Meu público é seleto, fi. Mas sinceramente, acho que não valeu a pena. Falo isso de coração aberto. Não compensa tanta carga negativa em cima de mim por conta de algo que é tão bobo. Você tem noção do tanto que é bobo o motivo pelo qual você me atacou? Não tivesse sido eu quem buscou isso quando divulguei meu blog e meu texto, diria que se trata de bullying virtual. Existe uma diferença básica entre as ofensas que fiz a um artista e as ofensas direcionadas a mim. As minhas são inofensivas. Dei a minha opinião, que dificilmente chegará aos ouvidos da banda citada. Ou de seus familiares. Ou de seus amigos. Ou de qualquer pessoa envolvida na produção.
Alguns dos meus raros defensores disseram que foi preciso coragem para mostrar a cara e dar minha opinião, sem medo. Eu até discordo. Não acho que seja necessária coragem para fazer qualquer coisa na internet, já que estou fisicamente protegido. Mas que é necessária uma covardia do caralho para dizer os maiores desaforos e se esconder atrás do nome de Anônimo, isso lá é. Atrás do computador todo mundo vira pitboy. Estivéssemos nós dois frente a frente, você falaria para eu enfiar a lista no meu cu? Mal sabe você que agora eu tô indo mais de uma vez por semana na academia. Estou virando um monstro. Faria você chorar.
Sei que boa parte dos que me xingaram não chegam a ter 20 anos de idade. A maioria precisa diminuir os outros como necessidade de auto-afirmação. Ainda mais se fazem parte de uma panelinha. É o caso da pessoa que me expulsou da comunidade do NOFX (130) por ter corrigido erros de português de um amigo dela. Falando nessa comunidade, foi lá que uma vez disseram: “Esse Diogo está cagando pela boca”. Isso porque eu falei que o Travis Barker, do Blink (92) era um dos melhores bateristas do punk. Jamais dê sua opinião pela internet. Um moleque aí perguntou em que cidade eu moro para ele poder vir cagar na minha cabeça. Veja bem: O cara vai à rodoviária, pega um ônibus, vem aqui em Belo Horizonte, solta uma cagueta na minha cabeça, pega outro ônibus e volta para casa só porque eu falei mal da banda preferida dele. É tão estúpido e infantil quanto o torcedor que parte para a violência simplesmente pelo fato de o outro torcer por time diferente.
A propósito, aos que disseram que eu estava apenas querendo criar polêmica: No dia seguinte à final da Copa do Mundo, postei um texto falando mal de futebol e a porra toda. Bastaria colocar o link na comunidade de qualquer time que a avalanche de xingamentos ia ser 10 vezes maior, visto a paixão que a moçada tem pelo esporte. Ou então, poderia ter colocado os links desta lista nas comunidades do Capital Inicial (3), Bon Jovi (2) ou The Doors (1), que foram os ocupantes do meu pódio. Ao invés disso, resolvi infernizar somente as comunidades que participo.
Tem uma mocinha que trabalha comigo e ama o cantor Belo mais do que tudo. Gosto de provocar ela falando que o cara é traficante e tudo mais. Você acha que ela me chama de imbecil (embora ela tenha motivos para tanto)? Teve gente que teve a cara de pau de vir me defender Restart (50), acredita? E ainda disse: “Olha só essa letra. Vem me falar que não é foda”. Eu pensando: “Nó, eu fui preconceituoso e agora vou quebrar a cara”. Quando vi a letra não acreditei que a menina tava realmente usando aquilo para defender a banda. Imbecil? Certamente. Mas numa coisa ela ganhou da maioria: Tentou me vencer com argumento e não no grito.
“Você acha tal banda ruim? Faz melhor então, babacão”. Você acha meu blog ruim? Faz melhor então, babacão. “Você devia guardar sua opinião pra você”. Sim, devia mesmo. Assim como você guardou a sua. “Você está se achando ‘o’ jornalista dono da verdade”. Bem, a verdade é que tenho sim um diploma de jornalista encostado aqui em casa. Não que isso signifique alguma coisa. E não sou dono da verdade porra nenhuma. Sou dono apenas da minha verdade. Por isso o blog leva o meu nome (para quem não sabe The Didi’s Abatedourus, em bom português, significa, rigorosamente: A Casa do Tio Didi).
Até agora eu não entendo o sentido dos comentários do tipo: “Essa lista é fake”. Muita gente falou isso. Fake como, caralho? Você não leu a lista? Por conseguinte, ela existe de verdade. Acusaram-me de plagiar o blog Papo Bravo, que fez uma lista semelhante. É bem verdade que eu comecei a publicar a minha antes, mas mesmo assim me identifiquei muito com o autor do blog. Ele mete pau em tudo e a avalanche de xingamentos insensatos é bem maior do que aqui. Falando na lista, eu sabia que a maioria ia ler algumas posições e pular outro tanto. Eu teria feito o mesmo. Essa é minha justificativa para quem me criticou por ter passado apenas superficialmente pelos problemas das bandas citadas, sem me aprofundar. Ninguém tem saco de ler coisa grande na internet. Assim como tenho certeza que pouquíssimos chegaram até aqui.
Poucos foram os que entenderam que, para fazer a lista, foi sim preciso que se conhecesse muito de rock e da história das bandas citadas. Eu ter entrado no Wikipédia mil vezes enquanto fazia a lista não teve nada a ver com isso. Os dois fatores que eu acho que mais definem minha personalidade são o humor e o rock. Por que não juntar os dois? E o que tem de engraçado falar bem das coisas? Humor tem tudo a ver com crítica. Independente de eu querer o rótulo ou não, acho que não tem como fugir: Este blog é de humor. Segundo entendedores do assunto, humor inteligente é aquele caracterizado pelo sarcasmo. Tem cara de um texto normal, mas à medida que se desenrola você vai percebendo o quanto aquilo é absurdo. Na contrapartida tem o humor Zorra Total. Ele é óbvio e caracterizado pelo exagero. Dá segurança ao autor de que 100% dos expectadores entenderão a piada. Gosto de pensar que faço parte do primeiro grupo. Para que as pessoas me entendessem de cara, seria preciso que este blog fosse todo colorido, cheio de charges e escrito em letras divertidas.
Uma vez vi no Youtube o vídeo de uma música (muito foda, por sinal) do Mukeka Di Rato que tinha o seguinte refrão: “Visual é tudo, atitude não é nada”. Uma avalanche de gente caindo de pau nos caras por terem dito isso, e eu pensando: “Jesus, nêgo tem que ser muito jegue em não entender o deboche da letra”. Ao tentar explicar numa comunidade que eu sou fã de metade das bandas citadas na lista, alguém respondeu: “É nessas que a gente percebe que pouca gente domina a arte da ironia”. Posso estar errado, mas acho que quem deve dominar a arte da ironia é o receptor, não o emissor.
Mesmo assim, andei dando uma relida em trechos da lista (algumas coisas escrevi quase um ano atrás) e tenho de concordar: Muita merda sem fundamento naquele meio. Tenho a mesma sensação quando leio qualquer texto antigo meu. É aí que tá a graça da coisa. Os caras mais engraçados que conheço ligam a metralhadora giratória e falam mal de tudo, indiscriminadamente. Sim, muitas vezes nos equivocamos. Disse isso quando falei do Eminem (89). Fiz outras autocríticas quando falei do The Toy Dolls (107) e do The Pretenders (134).
A crítica mais freqüente que recebi foi a de, por muitas vezes, eu ter me preocupado mais com o aspecto visual e deixado a música de lado. Concordo que podia ter sido muito menos, mas nem acho que falei tanto assim, falei? Mas você tem que concordar que, não fosse pelo visual, artistas como Lady Gaga (57), Kiss (154) e Gorillaz (145) jamais teriam tido o mesmo sucesso. Não que sejam ruins, mas que o visual ajudou em pelo menos metade da identidade deles, você não pode negar. Por que então a gente gosta de videoclipes? Uma vez eu vi no cinema um documentário chamado Beijing Punk, sobre o punk rock na China (é, também acho). No filme um cara falou que o visual era o mais importante no movimento. E não foi de jeito irônico. Na mesma hora todo mundo caiu na gargalhada. Foi também a parte mais comentada na saída do cinema. Olhei para os lados e não entendi. A maioria dos presentes usava roupas de couro e tachinhas. Eu incluso hahaha. Aliás, não fosse a busca por identidade, por que as pessoas usam camisas de banda?
Suplico também que me entenda. Dispus-me a escrever pelo menos três linhas de cada artista citado. Tem gente que você só sabe que é ruim, mas não sabe bem explicar o porquê. Então é mais fácil atacar o jeito que eles se vestem, uai. Concordo contigo, beeeeem rasteiro da minha parte. Além do mais, muitos falaram que fui muito repetitivo. Imagina então se eu tivesse apenas falado: “Essa tem o vocalista estridente. Essa tem o guitarrista ruim. Essa tem as letras toscas”. Também me chamaram de homofóbico. Disse, quando falei do Queen (86), que não tenho nada contra homossexuais, só não gosto de música gay (132). Estou ciente de que quase todos que me lêem são gays também. Se você se sentiu ofendido por mim, minhas sinceras desculpas. Realmente muito paia isso da minha parte em pleno século XXI. Não tenho nada contra. Eu mesmo já dei o rabo algumas vezes.

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

As 180 piores bandas de rock do mundo (Top 20)

20- Engenheiros do Hawaii: Banda também conhecida como Humberto Gessinger. Se o cara é gaúcho, pelo menos podia ser bem humorado. Agora, o que dizer do cara que veio da terra dos engraçadinhos, mas ainda se leva a sério? Pessoas que se acham melhores que os outros porque lêem obras dos grandes pensadores. São grupos como o Engenheiros que sujam o nome do rock.

19- Led Zeppelin: Robert Plant bananeira enquanto Jimmy vira as Pages do jornal. Mais uma daquelas que as pessoas tentam te enfiar goela abaixo. Mas não ouse dizer para ninguém que não gosta. É algum tipo de heresia no meio rock ‘n’ roll. Mas que é chato pra caralho, isso lá é. Odeio vocalistas estridentes e cheios de excessos. Para quem não entende nada, toda essa firula pode parecer que o cara canta pra caralho. A mim, só dói o ouvido. Sempre me disseram também que John Bonham era o melhor baterista do mundo. Já ouvi várias vezes e ainda não entendi o porquê, já que o cara só faz marcações simplórias.

18- Legião Urbana: Olha, te falo que o que mais incomoda nessa banda não é a baitolagem do vocalista. Antes disso, a pose de intelectual, de poeta, de trovador solitário é que me dá nos nervos. E ai de você se falar mal dele perto de uma menina de vinte e poucos anos. Depois que morreu, nem sei quantas vezes vi matérias do tipo “Descoberto caderno com letras inéditas de Renato Russo”. Não sei como pode ser chamado talentoso alguém que fica mudando a ordem normal das palavras numa frase só pra fazer umas riminhas pobres. Para completar, a banda foi formada apenas por pessoas que não sabiam tocar os respectivos instrumentos.

17- Matchbox 20:
No final dos anos 90, muitas bandas de pop rock FM surgiram. Acredito que nenhuma foi mais chata do que esta. A maioria fez o favor de sumir do mapa. Mas outro dia vi na televisão Rob Thomas em carreira solo. Pensei naquele filme do Exterminador do Futuro, em que tentam destruir um ciborgue em vários pedaços, mas ele faz questão de derreter, se reconstituir e voltar pra aterrorizar a moçada.

16- Maroon 5: Estão nesta lista por terem levado à frente o legado das bandas de pop rock FM com número no nome, tais como Third Eye Blind, Three Doors Down, Matchbox 20. São piores do que as citadas porque pertencem ao cenário pop rock FM com número no nome da década de 2000, provavelmente a pior década da música. Sou daqueles tiozões chatos que acha que tudo “no meu tempo era melhor”.

15- The Cure: As pessoas falam que essa banda é dark. Sei lá, o som deles é bem felizinho, em minha opinião. Boys Don’t Cry é uma das músicas mais irritantes de que tenho lembrança. A primeira vez que vi Robert Smith tive a nítida impressão de que ele era um cara cabeludo que, ao visitar o barbeiro, no meio do corte falou: “Peraí, peraí. Pode deixar assim mesmo que tá legal.”. Visual de Edward Mãos de Tesoura ridículo do caralho.

14- Jimi Hendrix: O idiota que morreu tentando engolir o próprio vômito. Desde que eu soube disso, toda vez que uma comida me faz mal, eu faço o que tiver de fazer ali mesmo. Vai que eu morro igual o Jimi. Nunca consegui escutá-lo. Primeiro porque ele não canta, mas apenas solta umas frases no meio da música. Outra porque eu não considero que ele toque guitarra bem (ó que pecado). Acho que ele apenas fica brincando com os efeitos da guitarra. Não é nem um pouco harmonioso. E sua banda de apoio, idem.

13- Biquíni Cavadão: Provavelmente os únicos que ainda não gravaram um Acústico. Ou será que gravaram? De todos do BRock, esses ganham em matéria de pior nome. Parece nome de conjunto de forró. Daqueles que participam de coletâneas que vendem naquelas gôndolas de R$4,50, com uma mulher de fio dental na capa. Também não me simpatizo com o vocalista.

12- Kid Abelha: Se permanecesse com o subtítulo “e os Abóboras Selvagens”, ganharia do Biquíni o posto de pior nome do BRock. Tinha o Leoni, compositor mais biscate dos anos 80. Tinha também Paula Toilet, mocinha que, em mais de vinte anos de carreira, não aprendeu a cantar. Vi um show deles no Rock In Rio, onde tinha um negão do meu lado soltando a franga ao som de “eu quero você como eu quero”. Passei a ter mais medo ainda. E quem responde ao “fazer amor de madrugada” com “em cima da cama, embaixo da escada” e “primeiro a patroa, depois a empregada” é mais irritante do que quem grita “toca Raul” ou quem fala “é pavê ou pacumê?”.

11- Dire Straits: Não consigo explicar porque os odeio tanto. Mas odeio. Com todas as minhas forças. Talvez por serem coloridos demais, com seus ternos de ombreiras e mangas arregaçadas. Talvez por Mark Knopfler tentar disfarçar a careca com uma bandana. Talvez porque quem curte eles gosta de rock, mas tem espírito de boy micareteiro. Com certeza os longos solinhos de guitarra não ajudam.

10- Pearl Jam: Não entendo como tem tanta gente que gosta deles. Eddie Vedder parece que canta com um pão de queijo quente na boca. Se tem alguém que não merece o posto que ocupa, são esses caras. Eu gostava do baterista. Baterista este que foi substituído por um cara mediano, do Soundgarden. Tenho que dar crédito a eles de uma coisa: Fizeram um favor à humanidade sumindo da mídia por vários anos. Como ninguém pode viver só de amor e todos precisam de dinheiro, acabaram voltando. Passei a odiá-los ainda mais depois de ver a versão desmaiada que fizeram de Know Your Rights, do The Clash. Como uma banda pode ser tão ruim?

9- Janis Joplin: Sósia do Ozzy Osbourne. A sapatão hippie de voz irritante. Essa é ruim de com força. Por mim, ela podia pegar a Mercedes Benz maldita e ir com ela pro inferno. Oh, ela já fez isso? Que bom então. De todas as vozes estridentes e irritantes, acho que essa ganha. E que saber mais? Hippie de cu é rôla.

8- Cordel do Fogo Encantado: Tenho preguiça de qualquer coisa que seja, assim, artístico. Qualquer coisa que envolva teatro, circo, poesia e literatura. Pior ainda, literatura de cordel. Isso é coisa para estudante de história que usa sandália de couro e bolsa de carteiro. Mulherada também gosta. E, para completar, é mais um daqueles grupos de batucada regional.

7- U2: Não sei se a Irlanda conseguiu produzir alguma banda boa em todos esses anos de existência. O Cranberries acabou sendo cortado da lista na última hora, para que a mesma não ficasse demasiado grande. Antes de ser um desses ativistas políticos Capitão Planeta chatos pra caralho, Bono Vox já não me descia pela garganta (olha a maldade). Imagina depois. Não sei o que esse cara tem, se é o sotaque irlandês, se são os óculos de abelha, se é a voz estrategicamente desafinada, mas toda vez que o vejo, tenho vontade de dar um socão na cara dele.

6- Barão Vermelho: Mais apropriado seria chamá-los de Barrão Vermelho. Sabe quando a merda desce arranhando as paredes do cu? Conseguiram a proeza de, numa banda só, reunir dois dos vocalistas mais péla-saco do Brasil. Quem nunca viu o Cazuza pode muito facilmente descobrir sua opção sexual só de ouvi-lo cantando. Alguém sabe explicar qual a relação entre o homossexualismo e a fimose na língua? Depois que morreu, assumiu Roberto Frejat. Não sei o que esse cara tem, se é a vozinha rouca, se é o cabelo enroladinho com Soul Glo, mas toda vez que o vejo, tenho vontade de dar um socão na cara dele.

5- Creed: Se não gosto do Pearl Jam, o que dizer então das cópias malfeitas, tipo Silverchair, Bush e esta em questão? E o cara ainda usa calça de couro. Não tem nem graça escrever sobre ela. Talvez porque seja uma banda igualmente sem graça. A maior unanimidade em matéria de banda ruim que existe. Lidera praticamente todas as listas desse tipo. Outro dia tava lendo pessoas na internet defendendo o Creed, mostrando que eles tinham mudado e melhorado o som. Não adianta, parceiro. A merda já tá feita.

4- Nickelback: Assim como o Creed, é outra que pode se chamar de ruim, sem causar polêmica. O grunge já estava muito bom onde ele estava: Enterrado. Mas sempre vem um filho de uma boa mãe, tipo Seether, Puddle of Mudd, Godsmak ou qualquer outra com vocalista que canta fazendo força pra cagar, e tenta ressuscitar o gênero de música arrastadona. No Nickelback, a pieguice sem tamanho das letras é ainda mais evidente. Claro que Chad Kroeger ia cantar fazendo força pra cagar, se da boca dele só sai bosta.

3- Capital Inicial: Nossa, o cerco tá se fechando e fica cada vez mais difícil saber quem é o frontman mais chato do rock nacional. Dinho Ouro Preto tá entre os primeiros por falar com os olhos arregalados e a bochecha travada de quem cheirou muito e por falar “cara” no final de cada frase. Com uma voz de ovelha fazendo mééé, o cara acha que canta pra caralho. O tremidinho é uma das técnicas vocais mais chatas que existe. Se eu pegar no meu gogó e chacoalhar enquanto canto, também consigo fazer. Um dos maiores exemplos de banda vendida que existe. Cada vez mais pop, tocam até em festa do peão boiadeiro. Ainda mais depois que Yves Passarel entrou.

2- Bon Jovi: Aparentemente, Bon Jovi é o nome da banda. O vocalista que abusou do clareamento dentário se chama Jon. Jon Bon Jovi. Lançou até uns discos solo. Agora, alguém sabe realmente diferenciar o que é solo o que é da banda? É tudo baladinha romântica mela cueca. Sinceramente, se algum cara me falar que gosta deles, vou achar que é viado. Só mulher metida a rockeirazinha pra gostar dessa banda mesmo, rapá. Mas eu as entendo, já que o vocalista é um gato. Ai que loucura!

1- The Doors: Jim Morrison termina o grupo de rockeiros setentistas que começam com “J” e morreram por causa das drogas. Sempre tive preguiça desses filósofos que vestem preto. Não consigo entender porra nenhuma nas letras desses poetas (punhetas?) da música. Tudo não passa de um pretexto para comer mulher. E Jim ainda fazia questão de cantar da maneira mais chata possível. Para completar, toda essa punhetação era acompanhada por um tecladinho safado de igreja. E mais: na hora de formarem a banda, lembraram-se da bateria, da guitarra, do teclado safado, do vocal bêbado. “Baixo? Ah sim, aquela guitarra com quatro cordas. Hum”.


Taí, mocidade. Obrigado a todos que me acompanharam nesta saga. Perdi a conta de quantas fotos com caras segurando a fivela do cinto eu vi nos últimos três meses. A essa altura, já lembrei um tanto de outras bandas. Chegaria aos 250 facinho. Estou perfeitamente ciente de que tem umas 20 na lista que nem rock é. Mas tem tanta coisa tosca aí na praça que não poderia ficar de fora. Eu sei que você agora está pensando que eu sou um grande idiota que não entende nada de música. Mas se você está lendo isso, é sinal de que me acompanhou até aqui. Pensando assim, mais idiota ainda é você. Eu não leio gente que eu acho imbecil. Lembre-se de que, se você fizesse sua lista, também seria criticado. Este blog não é jornalístico e não tem qualquer compromisso com a verdade. Teve gente que me falou: “Você acha tal banda ruim? Você precisa conhecer melhor”. Bem, pra que eu vou querer conhecer melhor algo que eu não gosto? Por acaso sou algum louco que gosta de se torturar? É impressionante como sempre que aparece alguém com opinião musical que o outro discorda, tem um que começa: “Esse cara deve curtir Cine, NX Zero”. Pergunto-te: Fã desses caras por acaso vai conhecer o nome de 180 bandas? Se me acusarem de pagodeiro, a resposta é a mesma. Impressionante como tenho alguns conhecidos que nunca me criticaram nem nada. Mas foi só começar a falar de música que começaram: “Pô Diogo, agora perdi o respeito por ti, mermão”. Fãs se sentem pessoalmente ofendidos se a gente fala do ídolo deles. Quem me conhece de verdade sabe que sou fã de boa parte dos citados aqui. “Então porque você colocou na lista?” Resposta muito simples: Sei lá. Talvez por um espírito de revolucionário que gosta de fazer crítica pela crítica. Ou para mostrar que todas as bandas têm defeitos. Todas, inclusive aquelas que você gosta. Se você não enxerga isso, é porque é um fanático cego e bitolado. E mais: Quem não tiver bom humor, não merece ler meu blog. Ui, nervosinha ela!

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