sexta-feira, 4 de março de 2011

Strawberry fields forever

Como o perspicaz leitor percebeu, não foi feita ainda nenhuma postagem este ano. Claro, 2011 nem começou. Mentira. O carnaval nem chegou e, se eu contasse o tanto de merda que já fiz esse ano, não caberia na página. Uma pergunta que sempre faço e ninguém sabe: Como é calculado em que dia cai o carnaval? Sempre me respondem:

- Eu sei que a semana santa é 40 dias depois.
Todo mundo sabe disso, campeão. Este ano comemoramos a 10ª Folia de Momo em Ouro Preto na Republikaká. Quando se fala em carnaval de Ouro Preto, a maioria pensa em micareta nas ruas históricas, com o mijo passando entre as pedras centenárias. Nossa parada é diferente. O fato de a casa ficar naquela cidade é apenas uma eventualidade. Na minha idade, o que eu quero é usar banheiro que funciona, comer coisa que não seja miojo, dormir todas as oito horas que tenho direito, jogar um jogo de conhecimentos gerais, assistir mil DVDs de seriado e, pelo amor de Deus, ouvir música boa. Mais Big Bang Theory impossível. Episódio que já se tornou clássico foi quando o amigo de um amigo com o nome de Álvaro desligou a TV no meio do McGuyver:
- Colé moçada, vocês tão em Ouro Preto. Eu não acredito que vocês vão ficar em casa vendo televisão.
Como se a muvuca na rua fosse algo muito foda. Se tivesse feito isso uma vez, vá lá. Mas o viado desligou a TV na nossa cara três vezes seguidas. Nunca mais foi convidado. E eu fiquei sem saber como o McGuyver se libertou usando um chiclete e um arame. Bêbado é mesmo sem noção. Tudo bem, eu também atrapalhei três vezes uma repórter que tentava fazer uma matéria com o bloco carnavalesco passando. Parei quando vi um guardinha vindo na minha direção. Para a maioria das pessoas é inconcebível você não gostar de micareta. Só de escrever esse nome eu arrepio. Eu sou do rock, beibe.
- Ah, você precisa ir pra Salvador. Depois não vai querer outra coisa.
O que adianta beijar mil mulheres na rua se você não come nenhuma? Parece que tornou tradição nas terças da Republikaká acontecer algo, em alguma intensidade, tenso. Veremos o que a de 2011 nos guarda. Algo que descobri graças aos excessos do carnaval é que sou alérgico a grandes quantidades de cerveja. Toda vez que fico três, quatro dias bebendo fico com meu corpinho todo empolado. Se eu tomar outra bebida alcoólica, não acontece nada. Este ano vai acontecer de novo, quer apostar quanto?
A primeira vez que isso aconteceu tornou-se um caso dos casos emblemáticos envolvendo eu. Como não se sabia o que tinha causado aquilo, me impediram de beber e comer qualquer coisa. Tomaram-me o prato de hambúrguer bem no meio. Sim, eu como hambúrguer com cerveja. Naquela época eu comia carne. É bem verdade que naquele dia eu, por algum motivo, havia esfregado uma pincher chamada Malu na minha cara. Uma comitiva me levou para o posto médico. Foi ao ser perguntado pela mocinha da recepção qual a natureza do atendimento que eu disse a clássica:
- Moça, você não vê que eu tô igual um morangão?
Como um bom bêbado, falava pelos cotovelos e alto. Um enfermeiro inclusive saiu da salinha para pedir silêncio. Eu parava por dois segundos, mas logo voltava:
- Por que é que ele entra na minha frente? Só porque ele trabalha aqui?
Quando finalmente entro na salinha, ouço o cara comentando com uma colega:
- Esse povo vem de outras cidades, chega aqui e acha que pode fazer zona.
Intrometo-me na conversa:
- É mesmo. Tem um pessoal bem barulhento aí fora.
O cara me manda abaixar a calça para aplicar a injeção. Eu pensando: “Uai, mas a outra moça vai ficar olhando? Ah sei lá, esses médicos devem ver gente pelada o tempo todo”. Abaixei toda a calça e arrebitei as luas cheias mesmo. Anos depois eu descobri que era apenas para baixar um tiquinho.
- Acadêmicos da Republikakááá...quesitooo...putariaaa...notaaa...deeez!...e meiooo!
Não arrisco passar a festividade em outra cidade. A única vez que me aventurei em outro lugar, deu merda. Pelo menos foi a única vez em que pude realizar o sonho de me vestir de mulher. Melhor o cara que solta a franga por quatro dias e é macho os outros 360 do que aquele que se reprime o ano inteiro. Fiquei meio country, uma gracinha até. E se você visse o assédio feminino que recebi vestido de mulher, você faria o mesmo. Tive até que pedir para pararem. Ninguém mexe comigo quando eu saio disfarçado de homem. Só mais uma peculiaridade desse carnaval: O véio que alugou a casa pra gente ficava o tempo todo evangelizando:
- Ó, Deus não gosta dessa festa de vocês não. Enquanto vocês estão perdendo sua alma, o Senhor está chorando...
É, mas cobrar um absurdo no aluguel de uma casa para a gente perder nossa alma, Deus não acha ruim não.

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