Então, vamos dar uma olhada nesse seu pênis
Desde pequenininho, quando ainda não era (nem tinha) porra nenhuma, Bernardo ia anualmente ao consultório da doutora Heloísa. Sempre por volta do mês de junho a mãe do moleque marcava consulta na pediatra:
- Meu filho, toma um banho bem tomado e bota cueca limpa que hoje a gente vai lá na doutora Heloísa.
- Ah não mãe, de novo não. Eu não gosto de ir na doutora Heloísa. A gente tem que ficar pelado e ela fica pegando no piru da gente.
E ele fazia questão de ir sujo e com a cueca mais rasgada que tinha. Que mulher folgada! Se ela via ele pelado de graça, (aliás, era paga para isso), que pelo menos fizesse por merecer. É relevante mencionar que Helô não era nenhuma doutora gatinha ou coisa assim. Era sim uma véia de uns 40 e poucos anos. Ao ver o pequeno Bernardo afundado no sofá do corredor, tenso, apertando a mão da mãe, a médica falava, por traz dos óculos a meia-altura do nariz:
- Você tem consulta comigo agora.
A frase vinha num tom aterrorizante, acompanhada de um dedinho indicador curvado e se mexendo, chamando o menino. As perguntas que a doutora fazia eram sempre bem constrangedoras para uma criança daquela idade:
- E então, você tem sentido alguma mudança nesse seu pinto?
O fato de a pediatra falar “pinto” sempre que se referia ao órgão sexual do menino causava certo choque. Quando ele brigava com o irmãozinho e falava “pega no meu pinto, desgraçado”, a mãe lhe dava um tapão na boca. Não lhe parecia profissional uma médica ficar falando palavrão assim, ainda mais na frente dele, que era criança. Que exemplo, doutora Heloísa!
Ele até entendia que a médica queria usar palavras que fossem compreensíveis pelas crianças. Mas, se ela falasse “peru”, “piupiu”, “passarinho” ou o nome de qualquer outra ave teria sido melhor. Agora, “pinto” era palavrão. Que pelo menos falasse no diminutivo, para amenizar. O pior foi a vez que Heloísa colocou na sua frente um quadro que devia ter umas vinte rôlas. Parecia um canavial:
- Bernardo, me diga com qual dessas fotos você mais se parece.
Ele entendeu o que a doutora quis dizer com aquilo, mas a vontade era de responder algo tipo: “olha, não é por nada não, mas a senhora tá me chamando de cara de que?”. Durante quase toda a consulta ele tinha que ficar só de cueca. Teve vezes que ficou tão nervoso que chegou a empolar.
Aos dez anos, Bernardo descobriu a punheta. Tinha um canal da TV a cabo que passava filme pornô com a imagem destorcida. O moleque tá que mexe na sintonia fina para melhorar a imagem. E via o filme entortando a cabeça (de cima), tentando ver qualquer coisa. Mas era o suficiente para o menino ficar doidão. “Deve ter um jeito de fazer isso sem mulher”.
Foi até o banheiro e pegou um rolo de papel higiênico. Colocou sua rôla dentro do rolo. Como tinha apenas dez anos, coube com folga. Mandou ver. Com o tempo, começou a variar de parceira. A melhor delas era o pão de cachorro quente. Ao invés da salsicha do supermercado ele colocava a sua. O importante era não sentir a própria mão:
- Oh, não sou eu, não sou eu!
A atividade começou a ocupar muito tempo das suas tardes. Seu rendimento escolar, naturalmente, caiu. Um dia seu pai precisa sair do escritório e voltar em casa para buscar uns papéis importantes. Pega o menino em plena performance. Num tom de desaponto, diz, balançando a cabeça:
- Vai estudar, Bernardo.
O menino havia aprendido uma valiosa lição: Trancar a porra da porta! De qualquer forma, sempre que tinha consulta com a doutora Heloísa, resolvia antes um assunto sério no banheiro. Afinal de contas, a mulher ia pegar no pinto dele. Era bom não arriscar ficar excitado durante a consulta.
Houve outro flagrante. O incidente na fazenda do tio Fred. O moleque estava muito doido. E, claramente, Mimosa estava dando mole para ele. Sem nem levar a ruminante para jantar nem nada, Bernardo sobe num banquinho e créu na vaca. Pelo cu, ainda.
De uma hora para putra, Mimosa tranca tudo e prende o taradão pela rôla. Bernardo tenta se soltar e nada. Ao sentir que ia ter o pinto decepado, grita pelo tio. Vendo que era impossível libertar o moleque, tio Fred se viu obrigado a pegar a espingarda. Deu dois tiros em Mimosa. Bernardo fez o tio jurar que ia guardar segredo.
O tempo passa e Bernardo pára de se consultar com a doutora Heloísa, que já havia praticamente se tornando um membro da família. Tinha visto aquele menino crescer (ainda bem que não em todos os sentidos). Ele começa a vida sexual. Com pessoas. Como era inexperiente, faz as coisas meio afobado. Tão afobado que se machucou, bem abaixo da glande.
O machucado começou a infeccionar. Inchou. Depois o inchaço foi crescendo e chegou um ponto que sua rôla mais parecia uma lâmpada. E doía horrores. E como lavar? Ardia só de jogar água, quanto mais ficar esfregando. Com a maior dificuldade colocava a cabecinha para fora. Doía muito desenrolar o capuz inchado. Enchia uma caneca com água, contava até três e afogava o ganso lá dentro. Doía ainda mais, mas era o único jeito. Repetia a operação até sentir-se mais ou menos limpo.
O pior de tudo é que, mesmo durante esse período, ele continuava sentindo tesão. Era mais difícil bater punheta. Precisaria das duas mãos. E cada movimento era acompanhado de um uivo de dor, mas a força de vontade era maior.
Procurou na internet saber sobre seu problema. Pelas DST’s que encontrou, tinha uma que se encaixava perfeitamente no que estava sentindo. À medida que ia lendo sobre os sintomas da doença, automaticamente começava a senti-los. Leu: “o paciente sente dores na virilha”. Na mesma hora sentiu a virilha doer. Tentou esconder da mãe o máximo que pôde, mas agora não tinha mais jeito. Teve que contar a ela que precisava ir no médico de rôla, sem entrar em detalhes. A mãe toma o menino pela mão e vai ao médico. Na recepção:
- Boa tarde, meu filho está precisando ver um urologista.
A fila do hospital estava lotada. A recepcionista olha para a cara do menino de 15 anos e, como quem não sabe a função de um urologista, pergunta, para deixá-los sem graça:
- Pois não, o que o paciente tem?
- Ammm, o meu filho está com um problema no pênis dele.
Tentou falar de modo que quem estivesse atrás na fila não escutasse. Minutos depois estava no consultório do doutor Bráulio. Depois de relatar ao médico o que sentia:
- Ok, então vamos dar uma olhada nesse seu pênis.
A Bernardo parecia viadagem que alguém optasse por essa área da medicina. A experiência foi traumatizante. Pelo menos o doutor Bráulio explicou que não havia nenhuma doença venérea com ele. Apenas receitou uma pomada do tipo Gelol.
- Hum...e quando é que eu vou poder...ééé...retornar...às minhas atividades...
Teve que passar a andar sem calça dentro de casa por uns dias. Passava a pomada e ficava com a glande exposta. E olha que tava na época do frio. Assistia televisão, fazia para-casa, tudo sem calça. E a porta do quarto trancada. Mas havia prometido a si mesmo que nunca mais ia a um urologista.
Anos depois, Bernardo sente novas mudanças na textura de seu membro. Novamente vai no Google procurando respostas. Relutava em ir a um médico de rôla. Foi então que procurou saber se a doutora Heloísa ainda atendia. E sim, a doutora Heloísa ainda atendia. Atendia crianças de até 12 anos, e ele tinha quase o dobro. Mas ele não se consultaria com outra pessoa que não fosse aquela velha, com quem ele custou tanto a adquirir confiança. Não contou à mãe e foi até o consultório de Helô. Ao contrário dele, ela continuava com a mesma cara. Velho não muda nunca; é sempre velho.
- Oi, a senhora está lembrada de mim?
“Se ela não se lembrar, eu baixo as calças. Será que dá pra reconhecer alguém pela rôla?”. Na mesa da pediatra, viu a plaquinha: Doutora Heloísa Capado. Quando criança, ele nunca tinha se dado por conta da ironia. O sobrenome da velha era Capado! De qualquer forma, sabia que não ia ser fácil convencê-la. Apelou para todo tipo de chantagem emocional. Eventualmente, ela cedeu:
- Vamos lá, Tia Heloísa. Pelos velhos tempos!
- Tá bom, tá bom. Deita lá na cama. Vamos dar uma olhada nesse seu pênis.
A médica analisava, sempre com os indefectíveis óculos a meia-altura. Novamente não se tratava de algo grave:
- Isso é folículo piloso.
- Quê?
- Pêlo encravado.
- Oh!
- E mais uma coisa: Você não deve lar seu pênis com sabonete, porque tira a gordura que protege ele. Só água já basta.
A idéia pareceu-lhe nojenta. Depois do alívio, ele rapidamente vestiu as calças e saiu correndo do consultório, dando um tapa nas costas da senhora:
- Olha, obrigado por tudo. Foi um prazer revê-la.
Aquela visita inusitada ficou na cabeça de Heloísa por muito tempo. Tanto que a inspirou a dar uma guinada na carreira. Não havia nenhuma lei que impedisse uma mulher de ser urologista. Depois de um tempo, especializou-se. Uma escolha acertada. Por ser uma das pouquíssimas mulheres na área, tinha um diferencial. Seu consultório vivia cheio. De vez em quando aparecia um velho com intenções não lá muito puras, mas isso era facilmente driblado. Com um spray de pimenta, que tinha embaixo da mesa. O nome de Heloísa Capado cresceu tanto no meio que ela começou a dar aula na universidade.
A essa altura, Heloísa já devia ter uns 70 e poucos anos. E Bernardo, 40 e poucos. A idade de fazer o exame do toque retal. Ele não poderia pensar em outra pessoa para enfiar o dedo no seu cu que não fosse a doutora Helô. E ele já tinha ficado sabendo que sua velha amiga agora era urologista. Marcou a consulta. O que ele não esperava é que a doutora ia dar aula justamente na hora marcada com ele. Resultado: Ele ficou de costas, com o cu de fora, enquanto a turma inteira assistia:
- Veja bem gente, ao fazer o toque retal, você deve verificar se não há nenhum inchaço. Desta maneira. Vamos ver se vocês aprenderam. Joaquim, tente você.
- Assim, professora?
- Não precisa colocar tanto o dedo. Mariana, vai você agora.
Depois da consulta, após ter sido molestado por 15 alunos, Bernardo sai correndo da sala olhando para baixo, sem encarar ninguém. Entra no primeiro elevador:
- Me desculpe, meu senhor, mas esse elevador aqui é somente para funcionários.
- Ah é? E me diga uma coisa: Alguma vez você teve 15 pessoas enfiando o dedo no seu cu?
- Ammm, acho que não.
- Então não me enche o saco e me leva logo embora daqui.
Ok, eu sei o que todos vocês estão pensando de mim. Mas vocês viram o título do texto lá em cima. Se você chegou até aqui, é porque há algo de doentio na sua cabeça também. Pense pelo lado positivo: Eu não coloquei fotos. Eu sei que as pessoas não gostam dos meus textos desse tipo. A uns dias atrás eu fui no urologista e não tinha dinheiro para passagem (de novo). Fui a pé de lá até o trabalho e, no caminho, essa história me veio inteira na cabeça. E quem escreve sabe: Quando a inspiração chega, você é obrigado a escrever. Independente de as pessoas gostarem ou não.
- Ah não mãe, de novo não. Eu não gosto de ir na doutora Heloísa. A gente tem que ficar pelado e ela fica pegando no piru da gente.
E ele fazia questão de ir sujo e com a cueca mais rasgada que tinha. Que mulher folgada! Se ela via ele pelado de graça, (aliás, era paga para isso), que pelo menos fizesse por merecer. É relevante mencionar que Helô não era nenhuma doutora gatinha ou coisa assim. Era sim uma véia de uns 40 e poucos anos. Ao ver o pequeno Bernardo afundado no sofá do corredor, tenso, apertando a mão da mãe, a médica falava, por traz dos óculos a meia-altura do nariz:
- Você tem consulta comigo agora.
A frase vinha num tom aterrorizante, acompanhada de um dedinho indicador curvado e se mexendo, chamando o menino. As perguntas que a doutora fazia eram sempre bem constrangedoras para uma criança daquela idade:
- E então, você tem sentido alguma mudança nesse seu pinto?
O fato de a pediatra falar “pinto” sempre que se referia ao órgão sexual do menino causava certo choque. Quando ele brigava com o irmãozinho e falava “pega no meu pinto, desgraçado”, a mãe lhe dava um tapão na boca. Não lhe parecia profissional uma médica ficar falando palavrão assim, ainda mais na frente dele, que era criança. Que exemplo, doutora Heloísa!
Ele até entendia que a médica queria usar palavras que fossem compreensíveis pelas crianças. Mas, se ela falasse “peru”, “piupiu”, “passarinho” ou o nome de qualquer outra ave teria sido melhor. Agora, “pinto” era palavrão. Que pelo menos falasse no diminutivo, para amenizar. O pior foi a vez que Heloísa colocou na sua frente um quadro que devia ter umas vinte rôlas. Parecia um canavial:
- Bernardo, me diga com qual dessas fotos você mais se parece.
Ele entendeu o que a doutora quis dizer com aquilo, mas a vontade era de responder algo tipo: “olha, não é por nada não, mas a senhora tá me chamando de cara de que?”. Durante quase toda a consulta ele tinha que ficar só de cueca. Teve vezes que ficou tão nervoso que chegou a empolar.
Aos dez anos, Bernardo descobriu a punheta. Tinha um canal da TV a cabo que passava filme pornô com a imagem destorcida. O moleque tá que mexe na sintonia fina para melhorar a imagem. E via o filme entortando a cabeça (de cima), tentando ver qualquer coisa. Mas era o suficiente para o menino ficar doidão. “Deve ter um jeito de fazer isso sem mulher”.
Foi até o banheiro e pegou um rolo de papel higiênico. Colocou sua rôla dentro do rolo. Como tinha apenas dez anos, coube com folga. Mandou ver. Com o tempo, começou a variar de parceira. A melhor delas era o pão de cachorro quente. Ao invés da salsicha do supermercado ele colocava a sua. O importante era não sentir a própria mão:
- Oh, não sou eu, não sou eu!
A atividade começou a ocupar muito tempo das suas tardes. Seu rendimento escolar, naturalmente, caiu. Um dia seu pai precisa sair do escritório e voltar em casa para buscar uns papéis importantes. Pega o menino em plena performance. Num tom de desaponto, diz, balançando a cabeça:
- Vai estudar, Bernardo.
O menino havia aprendido uma valiosa lição: Trancar a porra da porta! De qualquer forma, sempre que tinha consulta com a doutora Heloísa, resolvia antes um assunto sério no banheiro. Afinal de contas, a mulher ia pegar no pinto dele. Era bom não arriscar ficar excitado durante a consulta.
Houve outro flagrante. O incidente na fazenda do tio Fred. O moleque estava muito doido. E, claramente, Mimosa estava dando mole para ele. Sem nem levar a ruminante para jantar nem nada, Bernardo sobe num banquinho e créu na vaca. Pelo cu, ainda.
De uma hora para putra, Mimosa tranca tudo e prende o taradão pela rôla. Bernardo tenta se soltar e nada. Ao sentir que ia ter o pinto decepado, grita pelo tio. Vendo que era impossível libertar o moleque, tio Fred se viu obrigado a pegar a espingarda. Deu dois tiros em Mimosa. Bernardo fez o tio jurar que ia guardar segredo.
O tempo passa e Bernardo pára de se consultar com a doutora Heloísa, que já havia praticamente se tornando um membro da família. Tinha visto aquele menino crescer (ainda bem que não em todos os sentidos). Ele começa a vida sexual. Com pessoas. Como era inexperiente, faz as coisas meio afobado. Tão afobado que se machucou, bem abaixo da glande.
O machucado começou a infeccionar. Inchou. Depois o inchaço foi crescendo e chegou um ponto que sua rôla mais parecia uma lâmpada. E doía horrores. E como lavar? Ardia só de jogar água, quanto mais ficar esfregando. Com a maior dificuldade colocava a cabecinha para fora. Doía muito desenrolar o capuz inchado. Enchia uma caneca com água, contava até três e afogava o ganso lá dentro. Doía ainda mais, mas era o único jeito. Repetia a operação até sentir-se mais ou menos limpo.
O pior de tudo é que, mesmo durante esse período, ele continuava sentindo tesão. Era mais difícil bater punheta. Precisaria das duas mãos. E cada movimento era acompanhado de um uivo de dor, mas a força de vontade era maior.
Procurou na internet saber sobre seu problema. Pelas DST’s que encontrou, tinha uma que se encaixava perfeitamente no que estava sentindo. À medida que ia lendo sobre os sintomas da doença, automaticamente começava a senti-los. Leu: “o paciente sente dores na virilha”. Na mesma hora sentiu a virilha doer. Tentou esconder da mãe o máximo que pôde, mas agora não tinha mais jeito. Teve que contar a ela que precisava ir no médico de rôla, sem entrar em detalhes. A mãe toma o menino pela mão e vai ao médico. Na recepção:
- Boa tarde, meu filho está precisando ver um urologista.
A fila do hospital estava lotada. A recepcionista olha para a cara do menino de 15 anos e, como quem não sabe a função de um urologista, pergunta, para deixá-los sem graça:
- Pois não, o que o paciente tem?
- Ammm, o meu filho está com um problema no pênis dele.
Tentou falar de modo que quem estivesse atrás na fila não escutasse. Minutos depois estava no consultório do doutor Bráulio. Depois de relatar ao médico o que sentia:
- Ok, então vamos dar uma olhada nesse seu pênis.
A Bernardo parecia viadagem que alguém optasse por essa área da medicina. A experiência foi traumatizante. Pelo menos o doutor Bráulio explicou que não havia nenhuma doença venérea com ele. Apenas receitou uma pomada do tipo Gelol.
- Hum...e quando é que eu vou poder...ééé...retornar...às minhas atividades...
Teve que passar a andar sem calça dentro de casa por uns dias. Passava a pomada e ficava com a glande exposta. E olha que tava na época do frio. Assistia televisão, fazia para-casa, tudo sem calça. E a porta do quarto trancada. Mas havia prometido a si mesmo que nunca mais ia a um urologista.
Anos depois, Bernardo sente novas mudanças na textura de seu membro. Novamente vai no Google procurando respostas. Relutava em ir a um médico de rôla. Foi então que procurou saber se a doutora Heloísa ainda atendia. E sim, a doutora Heloísa ainda atendia. Atendia crianças de até 12 anos, e ele tinha quase o dobro. Mas ele não se consultaria com outra pessoa que não fosse aquela velha, com quem ele custou tanto a adquirir confiança. Não contou à mãe e foi até o consultório de Helô. Ao contrário dele, ela continuava com a mesma cara. Velho não muda nunca; é sempre velho.
- Oi, a senhora está lembrada de mim?
“Se ela não se lembrar, eu baixo as calças. Será que dá pra reconhecer alguém pela rôla?”. Na mesa da pediatra, viu a plaquinha: Doutora Heloísa Capado. Quando criança, ele nunca tinha se dado por conta da ironia. O sobrenome da velha era Capado! De qualquer forma, sabia que não ia ser fácil convencê-la. Apelou para todo tipo de chantagem emocional. Eventualmente, ela cedeu:
- Vamos lá, Tia Heloísa. Pelos velhos tempos!
- Tá bom, tá bom. Deita lá na cama. Vamos dar uma olhada nesse seu pênis.
A médica analisava, sempre com os indefectíveis óculos a meia-altura. Novamente não se tratava de algo grave:
- Isso é folículo piloso.
- Quê?
- Pêlo encravado.
- Oh!
- E mais uma coisa: Você não deve lar seu pênis com sabonete, porque tira a gordura que protege ele. Só água já basta.
A idéia pareceu-lhe nojenta. Depois do alívio, ele rapidamente vestiu as calças e saiu correndo do consultório, dando um tapa nas costas da senhora:
- Olha, obrigado por tudo. Foi um prazer revê-la.
Aquela visita inusitada ficou na cabeça de Heloísa por muito tempo. Tanto que a inspirou a dar uma guinada na carreira. Não havia nenhuma lei que impedisse uma mulher de ser urologista. Depois de um tempo, especializou-se. Uma escolha acertada. Por ser uma das pouquíssimas mulheres na área, tinha um diferencial. Seu consultório vivia cheio. De vez em quando aparecia um velho com intenções não lá muito puras, mas isso era facilmente driblado. Com um spray de pimenta, que tinha embaixo da mesa. O nome de Heloísa Capado cresceu tanto no meio que ela começou a dar aula na universidade.
A essa altura, Heloísa já devia ter uns 70 e poucos anos. E Bernardo, 40 e poucos. A idade de fazer o exame do toque retal. Ele não poderia pensar em outra pessoa para enfiar o dedo no seu cu que não fosse a doutora Helô. E ele já tinha ficado sabendo que sua velha amiga agora era urologista. Marcou a consulta. O que ele não esperava é que a doutora ia dar aula justamente na hora marcada com ele. Resultado: Ele ficou de costas, com o cu de fora, enquanto a turma inteira assistia:
- Veja bem gente, ao fazer o toque retal, você deve verificar se não há nenhum inchaço. Desta maneira. Vamos ver se vocês aprenderam. Joaquim, tente você.
- Assim, professora?
- Não precisa colocar tanto o dedo. Mariana, vai você agora.
Depois da consulta, após ter sido molestado por 15 alunos, Bernardo sai correndo da sala olhando para baixo, sem encarar ninguém. Entra no primeiro elevador:
- Me desculpe, meu senhor, mas esse elevador aqui é somente para funcionários.
- Ah é? E me diga uma coisa: Alguma vez você teve 15 pessoas enfiando o dedo no seu cu?
- Ammm, acho que não.
- Então não me enche o saco e me leva logo embora daqui.
Ok, eu sei o que todos vocês estão pensando de mim. Mas vocês viram o título do texto lá em cima. Se você chegou até aqui, é porque há algo de doentio na sua cabeça também. Pense pelo lado positivo: Eu não coloquei fotos. Eu sei que as pessoas não gostam dos meus textos desse tipo. A uns dias atrás eu fui no urologista e não tinha dinheiro para passagem (de novo). Fui a pé de lá até o trabalho e, no caminho, essa história me veio inteira na cabeça. E quem escreve sabe: Quando a inspiração chega, você é obrigado a escrever. Independente de as pessoas gostarem ou não.
6 Comentários:
Mais uma baseada em fatos reais.
(Nao consigo parar de rir) Muito boa
Baseada em fatos reais. BASEADA!
Baseada porque vc ainda não fez 40 anos. Até os 24 era tudo verdade.
Baseada...aham sei!
Ah não tenho nada contra o Chaves ok? :P
Como vc disse contas suas próprias histórias neh! Hehehehehe Não ha como negar... Só adapta neh!? =]
Algumas são inventadas. Como o caso da história em questão.
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