Mulher não tem alma
Fazia poucos dias uma família tinha se mudado para o andar de cima. Pai, mãe e uma filha. Devia ter uns 19, 20 anos. Ana Maria era o nome dela. Ou seria Ana Carolina? Peraí, é Maria Carolina. Só sei que é um nome composto. Hum, melhor subir lá e confirmar, sob um pretexto escuso:
- Boa tarde, a síndica está aí?
- Síndica? A gente acabou de se mudar.
- Ó menina, toquei no apartamento errado então. Me desculpeee...
Disse isso inclinando o pescoço e apontando para ela completar a frase.
- Ana Paula.
Oh, Ana Paula é o nome da filha da puta! E bateu uma palminha. Que nome doce! Que dia feliz! Então minha futura esposa se chama Ana Paula. Ok, posso me imaginar fazendo isso. Fazia uns dois minutos que a mente dele estava viajando. Ana Paula já estava agoniada com aquele tarado olhando para ela sem dizer nada:
- Pois é, boa sorte na sua procura. Tchau.
A porta estava quase fechada quando ele se lembrou de colocar a cabeçona entre a porta e a parede. Logo depois veio a mão, vinda ainda de trás da já semi-fechada porta:
- André.
- Perdão?
- André Carvalho Bernardes, satisfação. Seja bem vida ao condomínio. Depois eu te ensino a manha para abrir o portão da garagem.
- Uai, não é só apertar o botão do controle?
- Oh, já te ensinaram então.
Até agora a mão de André estava esticada, esperando um cumprimento. Ana Paula ia responder à saudação com um tapinha e um soquinho Super Gêmeos, mas André colocou a outra mão por cima, fazendo um Big Mac de mãos. Tinha de admitir uma coisa: Ana Paula não era especialmente bonita. Por exemplo, não tinha bunda e era barriguda. Era o Bob Esponja de costas. E o Patrick de frente. Mas tinha um olhar encantador. Sabe aqueles olhinhos de mel, aqueles cílios longos e aquela sobrancelha feitinha? Ainda falava miando e tinha um inebriante cheirinho de Mirabel de morango. Apesar deste primeiro contato meio desencontrado, André foi persistente e continuou fazendo visitinhas freqüentes à vizinha:
- Você tem um pouquinho de açúcar?
Detalhe é que ele sempre punha um shortinho curto ao fazer essas visitas. Tenho que valorizar o material né? Alguém alguma vez tinha dito que ele tinha a perna bonita. Na verdade, ele só tinha as perninhas gordas. Ana Paula namorava um carinha. Eventualmente, acabou cedendo àquela amizade forçada. Mas era sempre ele quem procurava ela, nunca o contrário. Falavam sobre várias coisas, mas ele sempre conseguia enveredar qualquer assunto para o tema namoro/relacionamentos/putaria:
- Hum, cafezinho gostoso esse. Me lembro de uma ex minha que odiava café. Já te falei da Vanice?
- Hoje?
- Dizia a menina que me largou por causa da faculdade, acredita?
- Sim, e que ela acabou não estudando porra nenhuma. E que logo depois começou a namorar outro cara...
Ana Paula era um Pokémon muito mais evoluído do que André. Saía todos os finais de semana. Já tinha trabalhado uma vez na vida. Conhecia um monte de bandas alternativas. Sabia o nome dos diretores cult. Lia livros. Não conhecia quase programa nenhum de TV. Tinha um carro só seu. Conheceu a Europa. Havia experimentado vários tipos de drogas. Transou com muito mais gente. Não bastasse tudo isso, tinha mais de 400 amigos no Orkut. Não entendo como uma pessoa consegue ser e fazer tudo isso. André já se sentia inferior a qualquer mulher. Com Ana Paula então, nem se fala. É muita areia para meu caminhãozinho, mas posso fazer duas viagens. Não se engane: Ela também confessava os segredos mais íntimos de sua vida sentimental:
- Nossa, meu amor ainda não me ligou hoje.
- Talvez a relação de vocês tenha esfriado. Já parou para pensar nisso? Você é uma menina legal, bonita, inteligente. Se fosse namorada minha, eu não deixaria de dar assistência nunca.
Dizia isso segurando a pequenina mão de Ana Paula entre as suas. André era um irremediável altruísta. Sempre disposto a ajudar. Ainda mais quando se tratava de destruir o relacionamento alheio. Sempre nessas conversas, André soltava esse tipo de cantada biscate. Se ela levar na brincadeira, ok eu também estou brincando. Se ela se render, brincadeira é o caralho, eu tô é falando sério. Cada vez que conversavam sobre o assunto, ele tentava aproximar mais sua boca da boca dela, esperando que a osmose fizesse o resto do trabalho.
A passos lentos, parecia que a influencia de André tava surtindo efeito. Abençoadamente, a relação de Ana Paula e Aquele Carinha Lá esfriava cada vez mais, a julgar pelos relatos da menina. Seria a hora propícia de atacar? André tentava mostrar o quanto ele era a antítese de Aquele Carinha Lá. Sempre que ele achava que Ana Paula estava finalmente se rendendo ao seu charme, a moça vinha com um discurso ainda mais longo:
- Ai, mas eu amo ele. Não nasci para viver sozinha e blábláblábláblábláblá.....
André ouvia atentamente ao blábláblá, mostrando que se preocupava. Ou isso ou apenas balançava a cabeça afirmativamente, sei lá. Como assim viver sozinha, filha da puta? Ó eu aqui na sua cara te passando cantada o tempo todo. André recebia as declarações de Ana Paula como um soco na boca do estômago. Ainda mais porque ela era daquelas pessoas que respondem a tudo com uma tirada. Quando André vinha com uma cantada, ela respondia com um “arrã” ou um “tá bom”. Como ela falava miando, a acidez dos comentários era perdoável. Mas também, André sempre vinha com frases aleatórias, daquelas pretensiosamente profundas, mas que não querem dizer nada:
- Nunca se esqueça de que a verdade está dentro de você.
Como se a menina fosse cair em algo tirado da Caverna do Dragão. Falavam-se também por MSN, onde André digitava filosofias de vida intermináveis, que Ana Paula demorava um tempão para acabar respondendo simplesmente com um “aff” ou com um emoticon sorridente. Depois de muitas idas e vindas, Ana Paula finalmente terminou com Aquele Carinha Lá. Num surto de desespero, interfonou para o vizinho, querendo se aproveitar da paixão do moleque:
- Não tô agüentando mais essa depressão. Preciso de um cigarro. Me empresta R$4,00? Semana que vem, quando receber minha mesada, te pago.
- Olha Aninha Paulinha, não me sentirei bem fazendo isso...
- Poxa, como é que você quer ficar comigo, sendo que na hora que eu preciso de você, você me nega um favor?
- Bem, eu não pretendia ter que te dar dinheiro para ficar com você. Na minha inocência, pretendia ficar com você de graça, mesmo. Aqui no prédio a gente tem um nome para pessoas que ficam com os outros em troca de dinheiro.
Uau! André foi fodão nessa. Quer dizer, teria sido se não tivesse respondido isso depois de Ana Paula ter batido o interfone na cara dele. Isso não vai ficar assim. Mas não vai mesmo! Vou subir lá e falar uns desaforos para aquela piranha. Ana Paula estava tentando segurar o choro quando ouviu a capainha. Mas quando abriu e viu o punheteiro do andar de baixo, abriu o berreiro ao mesmo tempo em que avançou no menino, num beijo desengonçado. Soluçava e fungava ao mesmo tempo em que tentava eroticamente beijar o vizinho. André correspondia, mas afastava o quadril. Pegava mal a menina chorando copiosamente e ele de barraca armada. Estava difícil disfarçar, já que praticamente dava para escoteiros acamparem ali. Não disseram mais nada um para o outro.
Quando foi embora, André desceu saltando lances de escadaria inteiros. Não gritou porque não queria que a amada ouvisse. Quando chegou em seu apartamento, fechou a mão e deu uma cotovelada para trás, acompanhada de um sonoro “yes”. Até aqui tinham sido meses de luta. Quando se consegue beijar, melhor, quando se é beijado por uma pessoa tão ácida como aquela, o gosto de vitória é ainda mais especial. Se tivesse um carro, estaria agora dando voltas no bairro e tocando a buzina no ritmo das batidas frenéticas do coração.
Os dois começaram a ficar mais ou menos na época da páscoa. Será que eu compro um ovo pra ela? Mas e se ela não me der nenhum? E se eu der um Diamante Negro e ela me der um chocolate hidrogenado? E se eu der um ovão e ela me der um coelhinho de chocolate? Desde os primórdios da humanidade, a incompatibilidade entre ovos é uma das situações mais constrangedoras de que se tem relatos. Sabe-se que quanto mais se gastou no ovo, mais mostra o quanto a outra pessoa significa pra você. Quer saber? Não vou arriscar gastar dinheiro à toa. Melhor não comprar nada. Domingo de páscoa, a menina bate a campainha na casa do moleque:
- Trouxe para adoçar a sua vida.
Era uma caixa de bombons Erlan. Mas teve para André uma importância fudida. Significava que a menina se importava com ele. Desarmou-se todo. Ela me ama! Ela realmente me ama! Ironicamente, estavam se vendo com bem menos freqüência do que antes daquele primeiro beijo. André queria que Ana Paula fosse mais presente em sua vida. Queria exibi-la para os amigos. Mas a coisa mais difícil era conseguir fazer com que a menina saísse com ele:
- Tô precisando estudar pra uma prova segunda-feira, sabe?
Tudo bem, era compreensível. Só não era compreensível a freqüência com que isso acontecia. Menos compreensível ainda era o diálogo do dia seguinte:
- E aí, estudou muito ontem?
- Bem que eu quis. Mas aí sentei no sofá pra ver um filme, aí o filme emendou no outro filme...
- E aquela história de que não ia sair comigo porque ia estudar?
- Olha, eu sei bem o que eu tenho e o que eu não tenho que fazer. Não precisa ficar regulando.
Oh meu Deus! A história estava se repetindo. Foi o mesmo que tinha acontecido entre André e sua ex, Vanice. Parecia que não era permitido ao menino que ele sossegasse e fosse feliz. Quando, a muito custo, conseguia que a menina saísse com ele, a primeira coisa que ela dizia era:
- Ó, não posso ficar muito tempo não. Tenho que voltar pra casa cedo.
- Boa tarde, a síndica está aí?
- Síndica? A gente acabou de se mudar.
- Ó menina, toquei no apartamento errado então. Me desculpeee...
Disse isso inclinando o pescoço e apontando para ela completar a frase.
- Ana Paula.
Oh, Ana Paula é o nome da filha da puta! E bateu uma palminha. Que nome doce! Que dia feliz! Então minha futura esposa se chama Ana Paula. Ok, posso me imaginar fazendo isso. Fazia uns dois minutos que a mente dele estava viajando. Ana Paula já estava agoniada com aquele tarado olhando para ela sem dizer nada:
- Pois é, boa sorte na sua procura. Tchau.
A porta estava quase fechada quando ele se lembrou de colocar a cabeçona entre a porta e a parede. Logo depois veio a mão, vinda ainda de trás da já semi-fechada porta:
- André.
- Perdão?
- André Carvalho Bernardes, satisfação. Seja bem vida ao condomínio. Depois eu te ensino a manha para abrir o portão da garagem.
- Uai, não é só apertar o botão do controle?
- Oh, já te ensinaram então.
Até agora a mão de André estava esticada, esperando um cumprimento. Ana Paula ia responder à saudação com um tapinha e um soquinho Super Gêmeos, mas André colocou a outra mão por cima, fazendo um Big Mac de mãos. Tinha de admitir uma coisa: Ana Paula não era especialmente bonita. Por exemplo, não tinha bunda e era barriguda. Era o Bob Esponja de costas. E o Patrick de frente. Mas tinha um olhar encantador. Sabe aqueles olhinhos de mel, aqueles cílios longos e aquela sobrancelha feitinha? Ainda falava miando e tinha um inebriante cheirinho de Mirabel de morango. Apesar deste primeiro contato meio desencontrado, André foi persistente e continuou fazendo visitinhas freqüentes à vizinha:
- Você tem um pouquinho de açúcar?
Detalhe é que ele sempre punha um shortinho curto ao fazer essas visitas. Tenho que valorizar o material né? Alguém alguma vez tinha dito que ele tinha a perna bonita. Na verdade, ele só tinha as perninhas gordas. Ana Paula namorava um carinha. Eventualmente, acabou cedendo àquela amizade forçada. Mas era sempre ele quem procurava ela, nunca o contrário. Falavam sobre várias coisas, mas ele sempre conseguia enveredar qualquer assunto para o tema namoro/relacionamentos/putaria:
- Hum, cafezinho gostoso esse. Me lembro de uma ex minha que odiava café. Já te falei da Vanice?
- Hoje?
- Dizia a menina que me largou por causa da faculdade, acredita?
- Sim, e que ela acabou não estudando porra nenhuma. E que logo depois começou a namorar outro cara...
Ana Paula era um Pokémon muito mais evoluído do que André. Saía todos os finais de semana. Já tinha trabalhado uma vez na vida. Conhecia um monte de bandas alternativas. Sabia o nome dos diretores cult. Lia livros. Não conhecia quase programa nenhum de TV. Tinha um carro só seu. Conheceu a Europa. Havia experimentado vários tipos de drogas. Transou com muito mais gente. Não bastasse tudo isso, tinha mais de 400 amigos no Orkut. Não entendo como uma pessoa consegue ser e fazer tudo isso. André já se sentia inferior a qualquer mulher. Com Ana Paula então, nem se fala. É muita areia para meu caminhãozinho, mas posso fazer duas viagens. Não se engane: Ela também confessava os segredos mais íntimos de sua vida sentimental:
- Nossa, meu amor ainda não me ligou hoje.
- Talvez a relação de vocês tenha esfriado. Já parou para pensar nisso? Você é uma menina legal, bonita, inteligente. Se fosse namorada minha, eu não deixaria de dar assistência nunca.
Dizia isso segurando a pequenina mão de Ana Paula entre as suas. André era um irremediável altruísta. Sempre disposto a ajudar. Ainda mais quando se tratava de destruir o relacionamento alheio. Sempre nessas conversas, André soltava esse tipo de cantada biscate. Se ela levar na brincadeira, ok eu também estou brincando. Se ela se render, brincadeira é o caralho, eu tô é falando sério. Cada vez que conversavam sobre o assunto, ele tentava aproximar mais sua boca da boca dela, esperando que a osmose fizesse o resto do trabalho.
A passos lentos, parecia que a influencia de André tava surtindo efeito. Abençoadamente, a relação de Ana Paula e Aquele Carinha Lá esfriava cada vez mais, a julgar pelos relatos da menina. Seria a hora propícia de atacar? André tentava mostrar o quanto ele era a antítese de Aquele Carinha Lá. Sempre que ele achava que Ana Paula estava finalmente se rendendo ao seu charme, a moça vinha com um discurso ainda mais longo:
- Ai, mas eu amo ele. Não nasci para viver sozinha e blábláblábláblábláblá.....
André ouvia atentamente ao blábláblá, mostrando que se preocupava. Ou isso ou apenas balançava a cabeça afirmativamente, sei lá. Como assim viver sozinha, filha da puta? Ó eu aqui na sua cara te passando cantada o tempo todo. André recebia as declarações de Ana Paula como um soco na boca do estômago. Ainda mais porque ela era daquelas pessoas que respondem a tudo com uma tirada. Quando André vinha com uma cantada, ela respondia com um “arrã” ou um “tá bom”. Como ela falava miando, a acidez dos comentários era perdoável. Mas também, André sempre vinha com frases aleatórias, daquelas pretensiosamente profundas, mas que não querem dizer nada:
- Nunca se esqueça de que a verdade está dentro de você.
Como se a menina fosse cair em algo tirado da Caverna do Dragão. Falavam-se também por MSN, onde André digitava filosofias de vida intermináveis, que Ana Paula demorava um tempão para acabar respondendo simplesmente com um “aff” ou com um emoticon sorridente. Depois de muitas idas e vindas, Ana Paula finalmente terminou com Aquele Carinha Lá. Num surto de desespero, interfonou para o vizinho, querendo se aproveitar da paixão do moleque:
- Não tô agüentando mais essa depressão. Preciso de um cigarro. Me empresta R$4,00? Semana que vem, quando receber minha mesada, te pago.
- Olha Aninha Paulinha, não me sentirei bem fazendo isso...
- Poxa, como é que você quer ficar comigo, sendo que na hora que eu preciso de você, você me nega um favor?
- Bem, eu não pretendia ter que te dar dinheiro para ficar com você. Na minha inocência, pretendia ficar com você de graça, mesmo. Aqui no prédio a gente tem um nome para pessoas que ficam com os outros em troca de dinheiro.
Uau! André foi fodão nessa. Quer dizer, teria sido se não tivesse respondido isso depois de Ana Paula ter batido o interfone na cara dele. Isso não vai ficar assim. Mas não vai mesmo! Vou subir lá e falar uns desaforos para aquela piranha. Ana Paula estava tentando segurar o choro quando ouviu a capainha. Mas quando abriu e viu o punheteiro do andar de baixo, abriu o berreiro ao mesmo tempo em que avançou no menino, num beijo desengonçado. Soluçava e fungava ao mesmo tempo em que tentava eroticamente beijar o vizinho. André correspondia, mas afastava o quadril. Pegava mal a menina chorando copiosamente e ele de barraca armada. Estava difícil disfarçar, já que praticamente dava para escoteiros acamparem ali. Não disseram mais nada um para o outro.
Quando foi embora, André desceu saltando lances de escadaria inteiros. Não gritou porque não queria que a amada ouvisse. Quando chegou em seu apartamento, fechou a mão e deu uma cotovelada para trás, acompanhada de um sonoro “yes”. Até aqui tinham sido meses de luta. Quando se consegue beijar, melhor, quando se é beijado por uma pessoa tão ácida como aquela, o gosto de vitória é ainda mais especial. Se tivesse um carro, estaria agora dando voltas no bairro e tocando a buzina no ritmo das batidas frenéticas do coração.
Os dois começaram a ficar mais ou menos na época da páscoa. Será que eu compro um ovo pra ela? Mas e se ela não me der nenhum? E se eu der um Diamante Negro e ela me der um chocolate hidrogenado? E se eu der um ovão e ela me der um coelhinho de chocolate? Desde os primórdios da humanidade, a incompatibilidade entre ovos é uma das situações mais constrangedoras de que se tem relatos. Sabe-se que quanto mais se gastou no ovo, mais mostra o quanto a outra pessoa significa pra você. Quer saber? Não vou arriscar gastar dinheiro à toa. Melhor não comprar nada. Domingo de páscoa, a menina bate a campainha na casa do moleque:
- Trouxe para adoçar a sua vida.
Era uma caixa de bombons Erlan. Mas teve para André uma importância fudida. Significava que a menina se importava com ele. Desarmou-se todo. Ela me ama! Ela realmente me ama! Ironicamente, estavam se vendo com bem menos freqüência do que antes daquele primeiro beijo. André queria que Ana Paula fosse mais presente em sua vida. Queria exibi-la para os amigos. Mas a coisa mais difícil era conseguir fazer com que a menina saísse com ele:
- Tô precisando estudar pra uma prova segunda-feira, sabe?
Tudo bem, era compreensível. Só não era compreensível a freqüência com que isso acontecia. Menos compreensível ainda era o diálogo do dia seguinte:
- E aí, estudou muito ontem?
- Bem que eu quis. Mas aí sentei no sofá pra ver um filme, aí o filme emendou no outro filme...
- E aquela história de que não ia sair comigo porque ia estudar?
- Olha, eu sei bem o que eu tenho e o que eu não tenho que fazer. Não precisa ficar regulando.
Oh meu Deus! A história estava se repetindo. Foi o mesmo que tinha acontecido entre André e sua ex, Vanice. Parecia que não era permitido ao menino que ele sossegasse e fosse feliz. Quando, a muito custo, conseguia que a menina saísse com ele, a primeira coisa que ela dizia era:
- Ó, não posso ficar muito tempo não. Tenho que voltar pra casa cedo.
Continua na semana que vem...
4 Comentários:
Só pra não ficar sem comentário
Obrigado, anônimo.
Huahuahua... Di e suas histórias.
Acho que não existe mais homens no mundo igual ao André.
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