segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Olim-piadas

Lembro-me que eu devia estar no pré-primário e eu fiz um desenho sobre as olimpíadas de Seul. Juro por Deus que, na minha inocência infantil, achava que Seul era uma sigla com um “C” e um “U”. Todo orgulhoso, desenhei um monte de homens correndo, um atrás do outro, escrevendo no alto em letras garrafais: OLIMPÍADAS DE CU.
Sacanagem. Estava esperando por um atentado terrorista em Pequim, mas ainda não foi desta vez. Sequer um estalinho soltaram, por diversão. Você acha que eu sou bonzinho? Sou do mau, fi. Sério, podia cair uma bomba no meio daquele monte de fantoche lá que não ia me fazer a menor falta. Ainda mais na China, que está precisando de uma, por ter tanta gente. E gente igual, ainda por cima. Aliás, um ótimo método de controle demográfico seria uma bomba anual (E não anal, pelo amor de Deus. A fama do peido chinês é de ser o mais fedorento do mundo). Talvez pudessem colocar fogo no Ninho da Pássaro, ou mesmo na cidade inteira. Ia bater um recorde: A maior pira olímpica da história. O negócio não é ser original? Bem, mas não foi desta vez. Talvez deixem para os jogos de Roma e o façam em homenagem ao saudoso Nero.
Esse fenômeno de massa de botar nêgo do Brasil inteiro pra ficar torcendo por qualquer esporte é, como os sociólogos dizem, gozar com o pau dos outros. Pessoas ficam a madrugada inteira sem dormir só pra acompanhar o que os atletas brasileiros andam fazendo. Dia seguinte vai um monte de gente acordar cedo pra trabalhar igual zumbi. Já vi caso de pessoa que deixava de namorar pra ver olimpíadas. Pode isso? Ah, não pode não. Agora, o cara vai lá, se esforça, ganha a medalha dele, fica rico, famoso, mas a sua vida mudou alguma coisa? Porra nenhuma. Ou para pior, porque você deve ter emagrecido uns 20 quilos só por causa das noites mal dormidas.
Algo engraçado é que alguns atletas brasileiros são uns dos melhores do mundo em esportes que a moçada nem sabia que existia, como é o iatismo, o hipismo, o racismo e outros ismos. As pessoas ficam quatro anos (como diz o poeta: “E quatro anos é muita coisa”) sem dar a menor importância para 90% dos esportes existentes. Porém, chega na hora das olimpíadas, lá está o trouxa, 3:00 da madrugada, em casa, torcendo: “Vamo lá, cavalinho, pula essa cerquinha aí, carai”.
O pior é que os repórteres da Rede Globo não podem entrar no estádio. Ninguém vê isso, mas imagino que eles ficam assistindo e narrando em frente um aparelho de TV, possivelmente ligado na Bandeirantes. Porra, não precisa disso. Alguém é cego? Alguém não está vendo o que está acontecendo do mesmo jeito que eles? Tudo bem, alguns são cegos, mas é preferível ficar desinformado do que ouvir tanta gente chata em um evento só. Tem o Pedro Bial, o Galvão Bueno, que fala coisas do tipo: “Olha lá, amigo, ele vem trazer a medalha pra gente”, ou então: “É nossa, amigo!”. É nossa uma chupeta! A medalha é do cara. Porque se for nossa mesmo, a minha parte eu vou querer, e se possível em dinheiro. Mais falso do que o Galvão falando isso é ver os atletas falando: “Obrigado Brasil!” Obrigado pelo que, exatamente? Eu fiz alguma coisa? Eu, por exemplo, não torci por ninguém. Pelo contrário, só mandei pensamentos ruins. Se todos neste país fossem sensatos como este humilde servo, e também só desejassem desgraça, ia fazer alguma diferença?
Com certeza, outro caso marcante desses jogos foi o da mocinha que perdeu a vara. Sacanagem é que já fizeram quase todas as piadas possíveis e não sobrou nenhuma pra mim. Mas, depois de ver o quadro de medalhas, a resposta para o caso foi fácil: Quem levou a vara foi o Brasil. Talvez não todo o Brasil, mas o Diego Hypolito, com certeza.

6 Comentários:

Natália Nunes disse...

ai meu santo hahaha!

Tio Didi disse...

Santo, eu? Ainda não fui canonizado.

Fabi disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anônimo disse...

"Pessoas ficam a madrugada inteira sem dormir só pra acompanhar o que os atletas brasileiros andam fazendo."

sei também de pessoas assim, desperdicio de sono, do seu irmão principalmente.

Tio Didi disse...

se ele for desses que também deixou de namorar me fala, que eu vou zuar ele demais.

Anônimo disse...

não, essa parte eu não confirmo não.

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