Carta aos eleitores de Tio Didi - O candidato que faz você ri
É por isso que pedimos a contribuição de você que acredita nas nossas idéias. Clicando em um valor qualquer no alto à direita desta página ou comprando a rifa de um Escort XR3 por apenas R$5,00 você estará nos ajudando a levar nossas idéias adiante. Vamos limpar esse buraco sujo (falo da cidade, não do cu)!
Nós do PUM pensamos tanto em você, eleitor e amigo, que nem ocupamos tempo no horário da televisão. Sabemos a maioria não gosta do humorístico e quer que comece logo a novela das oito (nove). Até nisto a gente pensa em você. Ficamos tristes quando vemos na propaganda depoimentos assim:
- Ah, eu vou votar no Marcos Lanterna, porque ele tem as melhores idéias.
Não se iluda, meu amigo. Ele não tem as melhores idéias. Simplesmente é o único que tem tempo de TV para expô-las. Se outros dispusessem de igual tempo, mostrariam idéias muito mais do caralho.
A propósito, é impressionante como existem tantos candidatos e todos eles achando que têm chance de ganhar. E, como o tempo no ar é curto, às vezes não falam nada. Toda vez que vejo um cara destes no horário eleitoral, fico prestando atenção pra ver se ele pisca os olhos. Nunca sei se eles colocam a foto ou se filmam o candidato com cara de pastel, enquanto o narrador fala:
- Vote no João do Biscoito Quebra-quebra!
Ele pode ser popular na região onde mora, mas, a não ser que todo mundo da cidade vá à barraca dele comprar biscoito, não tem a menor chance. Mesmo que dê biscoito de graça para todo mundo. Um recurso que eles usam para ficar na cabeça do eleitor é usar uma riminha biscate:
Por falar em TV, é realmente um verdadeiro esbanjamento de dinheiro público aquelas propagadas sobre voto consciente. Oh sim, ter um prefeito ruim é como ter um mosquito dentro do ouvido ou ficar sapateando por quatro anos. É a mesma coisa. Excelente metáfora.
O que mais tem nos entristecido neste processo é que ainda existem pessoas que não acreditam na nossa candidatura:
O PUM, apesar do nome, é contra a poluição sonora e visual. Jamais você nos verá em carreatas pela cidade ensurdecendo moradores e comerciantes com frenéticas buzinas ou com jingles safados parodiando “A Festa”, de Ivete Sangalo. Faça como nossos (um) representantes: Quando vir uma dessas carreatas, emburaque-se nela (ui!) e mostre para todos o gesto do nosso partido (está no cartaz). Por acaso eu vou votar em algum candidato porque ele está me ensurdecendo? Não emporcalhamos ainda mais a cidade com cartazes e santinhos. Mesmo porque a prática é ilegal. Se alguém te oferecer um santinho destes na rua, faça como nossos (um) candidatos: Puxe o santinho da mão dele e diga:
- Olha, isso é ilegal, viu?
E faça uma cara bem amarrada. Ou então faça uma bolinha com o santinho e jogue na frente da pessoa que o está distribuindo. Se você for tímido, simplesmente finja que está falando ao telefone e que a ligação está ruim. Se for no trânsito, olhe para o distribuidor de santinhos, feche o vidro do carro e, assim que ele passar por você, abra o vidro do carro de novo. Sempre com a cara amarrada. O dia da eleição muito pior. Não dá pra ver a cor do asfalto. Isso porque boca de urna é ilegal. Lembra daqueles sorteios de programas infantis em que se tinha uma montanha de cartas e a apresentadora jogava um tanto e pegava uma? Dá pra brincar disso tendo-se os santinhos no lugar das cartas. Para mim, aquilo serve apenas para passar o tempo desenhando barba, óculos escuros, dente de vampiro, chifrinhos no candidato. Ainda mais se for o Marcos Lanterna, que tem a cara de capeta.
Convocamos todos para que levem sempre consigo um pincel atômico e façam como todos os nossos (um) afiliados: Escrevam ‘PORCÃO’ em letras garrafais em todos os cartazes de candidatos que encontrarem, para que vejam não podem emporcalhar a cidade para se auto-promoverem. O pior é que normalmente estes são os candidatos eleitos (já que só eles fazem propaganda). Se você não tiver dinheiro para comprar um pincel atômico, porque precisa do dinheiro para condução, pedimos então para que fique atento a qualquer trecho da Linha Verde onde o cimento ainda esteja fresco e siga o exemplo dos nossos (um) vereadores:
Não somos avessos à idéia de que as eleições sejam farsa. Pra início de conversa, você conhece ou já ouviu falar de alguém que tenha sido entrevistado sobre intenção de voto? É tudo balela, minha gente. Se é que realmente alguém foi entrevistado, como é que, de um grupo pequeno, se tira a conclusão de quem a cidade inteira vai votar? Essa história de margem de erro é uma das mais safadas invenções dos políticos. Principalmente com respeito a vereadores. Entrevistam 400 pessoas. Daí deve sair uns 350 nomes diferentes de vereador. Além de tudo, isso me parece trabalho de estagiário. Não custa nada esses estagiários terem respondido a tudo sozinhos em casa. Tá calor pra ficar na rua, né? Por isso muitas vezes vemos discrepância entre os números das pesquisas e o resultado oficial.
Eleitor amigo, não se iluda com as eleições eletrônicas. Dizem que o voto é seguro. Na verdade, pelo voto eletrônico fica muito mais fácil burlar uma eleição. Ou ninguém aí nunca ouviu falar em hacker? Os eleitores ficam lá fazendo papel de trouxas, achando que estão ajudando a eleger um candidato, sendo que a urna já está predeterminada a dar o número de votos que quiser a quem quer que seja. Ou você acha que Fernando Collor foi eleito senador porque a moçada acreditou que ele estava arrependido da cagada que fez?
Veja, já fui mesário e notei algumas coisas: Os votos são registrados em um disquete igual ao que você usava no seu computador. Ou seja, de qualquer computador pessoal alguém pode alterar os resultados. “Oh sim, não tem como burlar os votos do disquete. Ele tava com uma travinha contra gravação”. Pfff! Outra coisa que notei: Você entra na sua seção e mostra sua identidade. Seu RG é digitado numa maquininha que é ligada adivinhem onde? Na urna! Só depois que a maquininha dá um sinal é que a pessoa está liberada para votar. Resumo da ópera: Dá pra saber qual foi a ordem de eleitores que votou. Também dá para saber qual a ordem em que os candidatos foram votados. E ainda têm a petulância de falar que o voto é secreto. Tá, e eu sou o Bozo.
Você pode achar que é bobagem aquelas propagandas ensinando como é que se vota, aconselhando a fazer colinha e tudo mais. Mas você se impressionaria com o tanto de gente que realmente não sabe usar a urna ou que não sabe o número do candidato que deseja votar. Caso real:
Eleitor, com camisa do PMDB:
- Quem que tem pra votar pra presidente?
O mesário:
- Olha, pra presidente tem o Lula, tem o...
- Ah é? E qual que é o número do Lula?
- 45.
- Tá, já votei. Agora apareceu aqui senador.
- Vejamos, tem o Hélio Costa, tem também...
- E qual que é o número do Hélio Costa?
Às vezes o mesário tem que ir dentro da cabine para ensinar o eleitor burro a usar a urna:
- Pode deixar que eu vou digitando. Diga aí em quem você quer votar.
Oh sim, o voto é secreto. Secretíssimo. Se o mesário quiser colocar lá o candidato de sua própria preferência no lugar do eleitor, este último nem terá sabido disso. É isso o que acontece quando as seções eleitorais são organizadas em “zonas”.