sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Take My Hand

Thales e Thalita eram um desses casais que dá gosto de se ver. De causar inveja, mesmo. Conheceram-se na Pinto Contabilidade, lugar onde trabalhavam. Thales estava na empresa havia cinco anos, quando o Jaime, seu colega do cubículo ao lado, foi para o saco. Foi um profundo pesar não só para Thales, mas para todos do escritório, já que o defunto era um dos grandes companheiros da rapaziada no happy hour de sexta-feira.
Todos ficaram profundamente tocados com a perda do velho camarada, mas o sentimento não adiantava em nada para o maior problema que se punha: Precisavam o quanto antes de alguém para ocupar aquele cubículo. Havia muitos números a ser analisados. Tempo é dinheiro, beibe! Eis que, dois dias depois, Seu Pinto aparece no escritório, com uma jovem:
- Pessoal dêem boas vidas à Thalita, a nossa nova "Jaime".
O ex-funcionário era tão ilustre que, aparentemente, tinha virado nome de cargo. A visão de uma mulher do sexo feminino por aquelas bandas era um oásis no deserto. Depois de anos com um quadro exclusivamente masculino, finalmente surgia alguém que mija sentada. Parecia que Seu Pinto nem gostava de mulher; não fazendo jus ao nome. Na mesma hora todos encolheram a barriga para dentro da calça. Podia-se ouvir um "vruuu"; barulho dos rapazes se adiantando para a moça:
- Prazer, meu nome e Ricardo.
- Gerson.
- Onofre. Seja bem vinda!
- Flávio, seu escravo.
"Urubus!", pensou Thales. De qualquer forma, ninguém tinha ficado mais embasbacado pela presença da beldade do que ele. "Preciso ser mais rápido que os caras. Daqui a pouco rola um ultimate fighting entre a moçada bem aqui nos corredores escritório". Foi perto das cinco horas da tarde que aconteceu a oportunidade. Enquanto tomava um cafezinho, Thales pode ouvir a nova colega, meio esbaforida, conversando com o menino do xerox:
- Perdão, onde fica o banheiro feminino? Já rodei todos os corredores e não encontrei.
- Olha dona, acho que aqui não tem disso não. Na verdade, a gente acha que o motivo de o Seu Pinto contratar exclusivamente homens é para não ter que fazer dois banheiros.
- Que sovina! Mas onde será que tem, hein? Esse cafezinho me fez sentir umas pontadas aqui na barriga. Tenho o intestino sensível, sabe?
Aquela informação desnecessária logo no primeiro dia de trabalho encantou ainda mais o bravo trabalhador que ouvia tudo no cubículo ao lado. Adorava mulheres espontâneas.
- Olha, na Marie Lingerie, no andar de cima, deve ter.
Foi engraçado ver aquela mulher de talieur andando igual um robô, tentando correr para o elevador, sem poder mexer muito a parte de baixo do corpo. "Tem que ser agora!", pensou Thales. Deixou o café e o pão de queijo pela metade em sua mesa e foi tocaiar a novata em frente à Marie Lingerie. Porem, não havia pensado em nada. Que desculpa daria para estar ali no sexto andar? Que cantada passaria na colega? Agora não dava mais para abortar a missão. Thalita tinha saído do banheiro e já o havia visto. O Don Juan falou a primeira coisa surgiu na cabeça e a boca pôde articular:
- Cagando, gatinha?
Falou isso com uma forçada pose de fodão, encostado na parede, dando uma piscadela. Tudo que Thalita pode fazer foi cair na risada. "Beleza!", pernsou Thales. Todos sabem que fazer uma mulher rir é ter mais da metade do caminho percorrido.
- O que você faz aqui em cima?
- Vim marcar um careta. Acho que ainda não tive a oportunidade de me apresentar. Meu nome e Thales.
E estendeu a mão para cumprimentar a moça, sempre sorrindo.
- Desculpa, esse andar ta sem água. Ainda não lavei a mão.
- Como fez para dar descarga?
- Deixei lá um presentinho para eles.
Mais risadas. Aquele assunto realmente interessava Thales. A donzela continuou:
- Mas ó! Não vai contar pra ninguém, hein? Shhh!
E colocou o indicador rente aos lábios de Thales. Apesar da graciosidade do gesto, Thales não havia esquecido de que aquele dedinho estava sujo. Esquivou-se. Podia ter alguma caca por baixo daquela unha grandona. Thalita se constrangeu com a reação do rapaz. Para consertar a situação desconfortável, Thales disse o que qualquer pessoa racional diria em ocasião semelhante:
- Escuta, seria muito precipitado se eu a convidasse para jantar hoje comigo no The Didi's Abatedourus Steak House?
- Olha, seria sim! Muito! Mas...aceito assim mesmo. Mas aqui, a gente não vai se pegar não, hein? Somos colegas de trabalho e mal nos conhecemos.
- Para isso é o jantar. A gente pode combinar de não fazer nada hoje. Se depois de nos conhecermos melhor a gente achar que deve se pegar, fazemos isso na próxima vez. Sem pressão.
- Combinado, rapazinho.
Quase saiu um aperto de mão, mas logo lembraram de que Thalita ainda não a havia lavado. Foi só ela se virar que Thales soltou um "yes!", mas sabia que aquela moça era disputadíssima e já devia ter recebido toda sorte de cantada. Precisava ser original.
Foi ele quem chegou antes no The Didi's e deu dez conto para combinar algo com o garçom que serviria o jantar. Pouco depois chegou Thalita. Thales avisou-lhe de que já havia tomado a liberdade de fazer o pedido, para que eles não esperassem muito tempo com fome. Mesmo assim, depois de uma hora e meia de barriga roncando, o serviçal chega com os pratos:
- Eis aqui um arroz à grega com filé e fritas para o cavalheiro. E Foster para a senhorita.
- Foster? O que tá acontecendo? Telegrama Legal? Pegadinha? Onde está a Kombi do SBT?
- Calma, fui eu quem pediu isso para você. Como você é uma gatinha, achei que era isso que você comia, gatinha. Enganei-me?
Era mesmo um incorrigível. Minutos depois chega o verdadeiro prato da moça, que tinha entrado na brincadeira e ainda feito graça mordiscando a ração. Mas não deveria tê-lo feito. Aquilo foi o suficiente para que a moça sentisse novamente o mal estar de mais cedo. Durante o jantar tentou se segurar, mas chegou um ponto em que já estava suando frio, borrando a maquiagem. Aquele rapaz merecia que ela fosse sincera:
- Olha Thales, preciso urgentemente libertar o Mandela.
Achava que já tinham a liberdade para falar nestes termos. Passou alguns minutos na casinha. Thales achou de bom tom não dar prosseguimento ao jantar e mandou embrulhar.
- Pro meu cachorro. Mas não coloca o Foster junto não, que ele não gosta.
Quando viu Thalita voltando, Thales cantarolou:
- ...Ohhh, set Mandela freeee...
Riram de novo. O aspirante a cantor deu carona para Thalita de volta para casa. Em lá chegando, declarou:
- Olha, posso novamente parecer precipitado, mas eu tô afim de namorar com você. Por favor, pensa nisso e depois me dá uma resposta.
Deixou a moça sem sequer tentar um beijo. Alguém daquele quilate merecia uma estratégia diferente de approach. Saíram algumas vezes mais. Sempre com Thales fazendo a mesma pergunta:
- E aí, já pensou?
- Bem isso é meio estranho. Nunca vi alguém propor assim, antes de fazer qualquer coisa.
Até que Thales desistiu de ficar tentando. Preferia que ela desse o toque quando estivesse afim. A estratégia deu certo. Numa dessas saídas, Thalita disse:
- Acho que a gente devia namorar mesmo, sabe?
- Já te propus diversas vezes e você me disse não.
- E não pretende propor de novo?
- Talvez eu vá.
O filho da puta ainda deu uma de gostosão. Mas cedeu mais tarde nesse mesmo dia:
- Tha, eu e você: Sim ou não?
- É!
O tão aguardado beijo aconteceu. Viram fogos de artifício. Depois disso tornaram-se inseparáveis. Passaram a fazer tudo juntos. Dormiam, viam TV, faziam porra nenhuma (ou muita porra), cozinhavam, passeavam, e claro, ainda trabalhavam juntos. Quer dizer, agora menos, já que sempre davam escapadinhas no meio do expediente. Oh, se aquelas escadarias pudessem falar!
Thalita, que tinha o já referido problema intestinal, acostumara-se a sentar no troninho apertando a mão do namorado. Isso é que é companheirismo! Segurar a mão da amada enquanto esta última faz um depósito no Banco de Boston.
Numa eventualidade, Thales contou essa peculiar mania da namorada para o Onofre, lá do escritório. Este na mesma hora apelidou o casal de Take My Hand. Apelido que logo se espalhou. Á essa altura, a moçada já tinha desencanado de dar em cima de Thalita. Ela pertencia ao Thales, agora.
Além disso, ela era uma moça super divertida. Passou a acompanhar os rapazes no happy hour de sexta. No inicio, o pessoal tinha receio de arrotar ou falar putaria perto da moça. Mas depois de ver que ela era quem mais puxava esse assunto, foram se soltando aos poucos. Tinham um novo "herói" do escritório. E mais: O "herói" era uma heróina! Thales estava feliz que sua garota tinha sido aprovada pelos leões. Viam a dupla de longe e já gritavam:
- Arreda aí cambada, que os Take My Hand estão chegando!
Era um casal perfeito. Davam certo em tudo. Tudo mesmo. Quer dizer, tinha uma coisinha só:
Thales era tarado com cu. De comer cu, mesmo. Não que ele precisasse de cu toda vez, mas, pelo menos de vez em quando, tinha que rolar um cuzinho. E o único cu que rolava era o doce, o que não agradava Thales. Thalita era muito sensível com relação ao seu cu. Vez ou outra, Thales chegava cutucando a namorada por trás, cantarolando:
- ...Parabéns pra você nesta data querida...
- O que isso significa?
- Hoje é dia de anos (corruptela de...ah, vocês entenderam)!
- Nossa, podre essa, Tha!
Por amor, Thalita até tentou agradar o namorado algumas vezes:
- Amor, vem cá. Eu quero que você coma meu cu!
- Tem certeza? Então lá vai.
- Tá bom, tá bom, tá bom.
Esse "tá bom" era com a pior conotação possível. Era sinônimo de "já chega". Dizia isso empurrando o namorado. E olha que ele tinha colocado só meia cabecinha. Só conseguiu colocar toda a extensão de sua rôla numa vez em que a namorada tinha bebido como um gambá:
- Amor, é agora! Vem comer meu cu!
- Olha olha, hein. Tem ceteza?
- Come meu cu!
"Tchuf!", foi de uma vez só. E ainda trouxe um milho quando tirou a rôla. Thalita começou a chorar:
- Agora você vai perder todo o respeito por mim. Nossa, sou uma puta!
- Não, amor. Eu te amo! Só quem ama dá o cu assim. É uma prova de amor, gatinha!
Depois de tantas discussões acerca do cu, Thales decidiu parar de insistir. Thalita dizia que o pior não era nem a dor, mas a sensação de desconforto por estar ali uma coisa que não deveria. Thales pretendia ficar o resto da vida com Thalita, e não conseguia evitar o pensamento:
Será que aguentaria ficar o resto da vida sem comer um cu novamente? Cu, nunca mais? "Ok, o amor supera tudo. Até o cu."
Com cinco meses de namoro, os Take My Hand estavam morando juntos. Certa semana Thalita teve de ficar sozinha em casa, porque Thales estava viajando pela empresa. Como tinha preguiça de cozinhar somente para si, a moça resolveu requentar umas comidas feitas na semana anterior, que estavam na geladeira. Como se não conhecesse seu intestino sensível. Mas a preguiça falou mais alto. Resultado: A maior disenteria da história.
Foi feia a coisa. De meia em meia hora a moça ia ao banheiro para ver se eliminava o mal. E só saia água. Andava curvada pela casa.
Se esticasse o corpo, doía a barriga. Não dava sequer para sair e comprar um Cagtivia, já que era arriscado acontecer um acidente desagradável na rua. "Onde tá aquele infeliz do meu namorado quando eu mais preciso dele, meu Deus?".
Tentou esquecer a dor vendo um pouquinho de televisão, mas não podia ver nada de comedia. As risadas poderiam forçar um músculo que não deveriam e sujar o lençol da cama. A moça pensava: "Gente, na hora de dormir, como vou fazer?". Computou seis vezes em que levantou para ir ao banheiro durante a madrugada. Estava com uma inevitável freada de bicicleta na calcinha.
No dia seguinte, a moça entrou em completo desespero. Queria tirar de todo jeito aquele mal de dentro dela. Como uma guerreira, a jovem sentou-se no trono. Esticou o máximo que pôde as bochechas anais, para dar maior abertura. Ainda levantou as pernas e apoiou os pés na parede da frente, para ajudar. Fez força. Água.
Do lado do vaso do banheiro dos Take My Hand tinha uma daquelas mangueiras de revolvinho. Talvez a merda estivesse precisando de uma ajudinha para se desgarrar das paredes do intestino. No auge do desespero, a moça bravamente enfiou a mangueira lá onde você esta imaginando. Ignorância total.
- Um...dois...três...e...
Tshhh! Apertou o gatilho até sentir que a água preencheu todo seu intestino. Tentou segurar o máximo que pode dentro de si, depois soltou tudo com força. Repetiu algumas vezes. Sem resultado.
Eventualmente a moça normalizou seu intestino e Thales retornou ao lar.
- Ai meu bem, tive uma semana terrível, terrível. Senti uma desinteira federal. Tive até que enfiar a mangueira no cu pra ver se saía alguma coisa. Que bom que você voltou, meu amor.
E se adiantou para dar um abraço no amado. Thales se afastou. Não escutou nada do que a namorada disse. Só ouviu que a menina tinha enfiado a mangueira no cu.
- Como é? Faz literalmente o maior cu doce para me agradar; eu que sou um cara dedicado a você; mas não tem o menor pudor em ficar fazendo sexo anal com a mangueirinha?
Não adiantava. Por mais que Thalita tentasse se explicar, nada tirava da cabeça de Thales o ciúmes daquele aparelho. Estava possesso. A situação ficou bem tensa. Para Thales, estava irremediável. Foi a primeira e última briga daquele casal. Isso mesmo: Thales e Thalita. Thalita e Thales. Take My Hand. Um casal promissor separado por causa de um cu.

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Um maluco muito louco II - mais pirado ainda

O meu quarto na faculdade era uma bagunça. Eu tinha que dividir o alojamento com outros quatro nerds, alguns deles ainda virgens, loucos para transar. Éramos verdadeiros perdedores, e sempre éramos humilhados pelos mauricinhos das fraternidades.
Os caras das fraternidades me lembravam muito os amigos do Troy. Só queriam saber de tomar cerveja e transar. Isso foi até eu liderar uma revolta contra eles e mostrar o poder nerd, numa competição que misturava força física e conhecimentos gerais. Como o cérebro também é um músculo, acabamos sobressaindo. Eventualmente, vimos que a rivalidade não nos levava a nada e acabamos unindo forças.
Estava tão feliz que resolvi ir para Berkeley visitar minha namorada. Havia um problema: Eu tinha perdido o número de Julia. Era 555 alguma coisa. Que se dane! Ia fazer uma visita surpresa! Fazia muitos meses que não a via. Fui feliz, com um buquê e uma caixa de bombons em formato de coração nas mãos. Ao bater na porta do alojamento dela, quem me atende é um homem.
- Pois não, parceiro. Quer falar com quem?
- Desculpe-me, acho que bati na porta errada. Estou procurando o quarto de Julia Clark.
Foi só eu falar que eu vejo no fundo do apartamento Julia saindo do banheiro. Percebi o que estava acontecendo. Joguei o buquê e a caixa de bombons lá e me encaminhei para o aeroporto. Ia pegar o primeiro avião de volta para Baltimore.
- Brian, espere. Deixe-me explicar o que está acontecendo. Muita coisa aconteceu nesses últimos meses.
Fiquei por muito tempo arrasado. Mesmo depois da faculdade, ainda não conseguia me esquecer de Julia. Ia todos os dias para o bar para beber e ver “futebol” pela TV com os rapazes. Nunca mais me relacionei seriamente com ninguém. Quando me sentia solitário, ia para uma casa de strip-tease qualquer. Nessas casas, as moças usavam biquinis brilhantes, mas só tiravam a parte de cima deles. Talvez preservassem o fio dental para que nós pudéssemos colocar lá os nossos dólares. Até mesmo as minhas reuniões de negócios eram feitas nessas boates.
Sr. Johnson, meu ex-treinador do colégio tinha ganhado na loteria e comprado uma agência de publicidade. Foi através dele que eu consegui meu primeiro emprego:
-Rapaz, vou te dar esta oportunidade porque você me lembra a mim mesmo quando tinha a sua idade. Tinha esta mesma determinação.
Eu era o melhor publicitário da minha agência. Parecia um trabalho muito fácil para mim: Bastava criar uma frase esperta e o trabalho estava feito. Mas não sei de onde me veio, anos depois, uma saudade tremenda da Julia, que começou a influenciar seriamente no meu trabalho. Todas as frases "espertas" passaram a ser depressivas e tinham a ver com Julia. Sr. Johnson:
- Brian, segunda-feira temos aquela reunião com a Ashmin & Inga. Uma conta de 200 mil dólares. Não podemos perder de jeito nenhum! Eu não preciso de você todo depressivo trabalhando para mim. Quero que você se recomponha e volte a ser aquele Brian de quando começou a trabalhar para mim. Se tudo der certo, te dou uma sala ao lado da minha.
Mas não adiantava. Estava tão desnorteado que botei tudo a perder. Ainda mais depois que eu reencontrei Philip, meu amigo de escola, na agência. Ele também era publicitário, mas estava agora totalmente mudado. Havia se tornado um prepotente bonachão. Sr. Johnson:
- Brian, quero que coloque tudo da sua escrivaninha nesta caixa. Amanhã ela será de Philip Taylor.
Meu mundo estava desmoronando. Todos meus amigos me falavam: Vai ficar aí sentindo pena de si mesmo ou vai reaver a seu emprego e sua garota? Preferia sentir pena de mim mesmo. O que eu fiz para dar mais emoção à minha vida foi me mudar para Beverly Hills.
Desisti da publicidade e entrei para o FBI. Queria combater o crime na cidade. Agora as pessoas se referiam a mim como o agente Carter. O meu parceiro era Oliver collins, um negro. Nós éramos viciados em rosquinhas. E, apesar de trabalharmos o mesmo tanto e termos a mesma patente de muitos outros, nossa vida era um lixo, enquanto alguns colegas nossos pareciam ser bem de vida e frequentavam a alta roda.
Embora eu tivesse a patente de sargento, eu não andava uniformizado. Alguns de meus colegas andavam, mas eu não. Pode parecer inadequado, mas eu preferia correr atrás dos criminosos usando terno. Nem minha viatura era igual a da cavalaria da polícia. A única coisa que me caracterizava como policial era o distintivo e a luz vermelha em cima do carro. Carro este que nem placa tinha. Assim como a minivan de meu pai.
Apesar de aquela banheira não parecer apropriada para perseguições, consegui pegar vários bandidos usando ela. A não ser uma vez que corri atrás de Troy, meu arquiinimigo, desde os tempos de colegial. Persegui ele pela cidade inteira fazendo manobras altamente arriscadas. Quando ele pulou com seu carro da ponte móvel, tive que criar coragem, mas pulei atrás dele. Estava bem em sua cola, mas o perdi de vista quando ele cruzou a linha do trem. Foi só ele passar que o trem veio logo atrás.
- Droga!
O Sr. Johnson agora tinha se tornado chefe de polícia. E veio chefiar justamente no meu distrito. Parecia perseguição. Por falar em perseguição, foi por causa dos estragos que fiz na cidade perseguindo Troy Anderson que ele me tomou a arma e o distintivo.
Meu vício de boates de strip-tease nunca parou. Até mesmo as reuniões à paisana com os criminosos durões eram feitas nelas. Bem, pelo menos até o dia que descobri que Wendy Robinson dançava em uma dessas boates. A garota mais popular da escola, quem diria, tinha se transformado em uma prostituta. Troy Anderson, seu ex-namorado, tinha se tornado um dos maiores chefes do crime da cidade e era preciso que ela testemunhasse contra ele. Assumi o caso, pois aquele era pessoal. O Sr. Johson:
- Carter, eu quero você fora disso. Você não faz mais parte da corporação! Se eu souber que você se meteu neste caso, eu pessoalmente mando meus homens prendê-lo por atrapalhar as investigações!
Não tinha como. Estava envolvido até o pescoço. Fui à várias boates com uma foto do livro do ano de Wendy:
- Você conhece essa moça?
- Olha, nunca vi essa moça não.
- Tem certeza? Olhe bem. Deixe-me pagar pela sua bebida.
- Olha, cara. Estou começando a me lembrar.
- Que tal cinqüenta pratas?
- Oh sim. Agora eu me lembrei. Wendy Robinson. Ela dança na The Roxy.
Tive que sair para a boate correndo, pois sabia que Troy estava a caminho para raptá-la. Chegando lá, encontrei seus capangas. Ao fundo, Troy estava de costas, alisando seu gatinho de estimação. De repente, ele se vira:
-Brian Carter! Finalmente nos encontramos de novo! Homens! Peguem ele!
Como a boate era toda formada de espelhos, isso favoreceu para que eu os enganasse usando truques de ótica. Houve uma luta que parecia coreografada. O tiroteio que destruiu toda a boate. Eram mesas reviradas e peitos para todo lado. Na época, eu estava tendo um caso proibido com a doutora Chase, da corregedoria. Foi quando eu fiquei sabendo que Julia ia se casar com um cara que tinha acabado de conhecer. Eu não podia deixar isso acontecer. Viajei para o Hawaii, onde o casamento ia acontecer, na beira da praia. Uma série de contratempos aconteceu no meio do caminho. Por exemplo, perderam a minha mala. Achei que não fosse chegar para parar a cerimônia a tempo. Eu precisava dizer à Julia o quanto eu a amava. Chegando no local do casamento, pude ouvir de longe o padre: - Quem tiver algo a dizer que possa desunir este casal fale agora ou cale-se para sempre.
- Eu tenho!
Disse isso meio esbaforido, com a aparência abatida. Dentre um burburinho podia-se ouvir os convidados: “Quem é esse cara?”. Fui avançando no corredor, enquanto dizia:
- Julia, não se case com ele. Será o maior erro de sua vida. Eu amo você. Sempre amei.
Ela ficou abalada com a minha declaração. Assim como fiquei abalado pela declaração dela no baile de formatura. Todos ficaram achando que não ia ter casamento. Engano deles. Aproveitei a cerimônia e me casei com Julia ali mesmo.
Pouco tempo depois tivemos uma filha. Mas o trabalho na polícia me tomava todo o tempo. Julia sempre reclamava que eu não tinha tempo para a família. Tivemos uma grande briga no dia que eu disse que estaria em casa, mas acabei perdendo o aniversário da nossa pequena Marie. Como nossa relação estava se desgastando, acabei prometendo a ela que ia me aposentar. Já até tinha comprado nossa passagem para uma viajem nos Poconos.
Sim, mas no meu último dia de trabalho, fico sabendo que meu parceiro Oliver morreu nas mãos de Troy. Tinha que vingar a morte dele. Eu devia estar em casa para o jantar ás seis. Julia estava preparando o jantar quando minha filhinha disse:
- Mãe, olha o papai na televisão.
Eu tinha aparecido no noticiário do canal 6 no meio de uma explosão e um monte de carros revirados. Foi o suficiente para que a gente se separasse. Marie cresceu me odiando. Nunca respondia aos meus telefonemas. Troy Anderson foi preso por onze anos. Mas, durante todo o tempo que esteve na cadeia, alimentou sua sede de vingança. Quando saiu da prisão, usava um tapa-olho. Colocou a bomba em um aeroporto e seqüestrou a minha filha, que agora tinha 16 anos. Nos encontrávamos no terraço de um prédio alto da cidade. A noite era chuvosa.
- Hum, um verdadeiro dilema não, senhor Carter? Salvar a vida de milhares de inocentes ou ficar aqui e brigar comigo?
Escolha difícil, mas tive que brigar com ele, afinal de contas, ele estava com a minha filha. Filha esta que ainda achava seu velho pai patético. Troy estava tão certo de que eu não sairia da briga vivo que me contou todo seu plano, arquitetado enquanto ainda estava na prisão. Realmente achei que fosse morrer no momento em que ele me jogou da sacada do prédio. Felizmente, pude me pendurar em um gárgula. Troy apontou a arma para mim:
- Adeus, senhor Carter! Te vejo no inferno!
Mas, de repente, ele parou e caiu no chão. Minha filha Marie tinha conseguido pegar sua arma e dar-lhe um tiro nas costas. Nos abraçamos e eu liguei para a central para avisar aos policiais que a bomba se encontrava no banheiro do terceiro andar do aeroporto. Lá embaixo do prédio já estava cheio de carros dos bombeiros, ambulâcia e polícia. Eu estava sendo levado numa maca para dentro de um veículo destes quando vi minha ex-mulher Julia. Disse a ela:
- Será que um idiota ainda tem direito a uma segunda chance?
- Oh Brian, você sempre teve.
Também estava lá presente o Sr. Johnson:
- Carter, e então? Te vejo segunda?
- O senhor pode ter certeza que sim!

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Um maluco muito louco

Olá, meu nome é Brian Carter. A minha história começa na pequena cidade de Spring Valley, no interior de Minesota. Uma cidade igual qualquer outra americana. Casas iguais, ruas iguais, famílias iguais. Desde a infância, meus melhores amigos sempre foram Philip Taylor e Julia Clark. Philip era o típico perdedor. Um fanático por computadores que usava óculos. Julia era o tipo de garota sem muitas vaidades. Se vestia como um menino e usava boné.
Éramos inseparáveis vizinhos de porta. Pegávamos o ônibus para a escola juntos. Às tardes, íamos de bicicleta até o mercadinho tomar Slurpees juntos. Nos finais de semana, nossos pais faziam churrasco e nossas famílias se juntavam. Chamávamos de churrasco, apesar de ter apenas hamburguer e cachorro quente nele. Nele, nossos pais viviam disputando quem era melhor de vida. Se os Clarks comprassem uma TV nova, os Taylor compravam um home theater. Se os Taylor comprassem um pinheiro enorme para a decoração do natal, meu pai comprava um maior, e ainda botava umas renas e um trenó no nosso quintal. Por falar em quintal, o meu sempre precisava de uma aparada. Meu pai me pagava dez dólares para fazer isso uma vez por semana.
Ninguém na minha escola falava palavrão e todos tinham a aparência dez anos mais velha do que realmente eram. Apesar de extremamente fúteis, eram todos fisicamente bonitos. Inclusive Ashmin, o intercambista, que ninguém sabia de que país veio. E ninguém estava preocupado em descobrir, também. Talvez não tivesse o mesmo charme de Inga, a exótica intercambista sueca, que fez um topless gratuito para todos logo na primeira semana dela em nosso país.
No almoço, que estranhamente era servido com leite, cada grupo tinha seu lugar no refeitório. Quem era novato sofria para arranjar um lugar. Todos falavam que a mesa já estava toda ocupada. E eles acabavam tendo que sentar com pessoas como Philip, Julia e eu. Cara, eu odiava a escola. Principalmente as aulas de educação física. O treinador Johnson realmente pegava pesado com a gente. Alíás, o senhor Johnson também nos dava aula de matemática, onde também era um carrasco. Acho que ele precisava de uma namorada.
Por falar em namorada, uma das poucas coisas que me faziam querer ir para a aula era poder olhar para Wendy Robinson. Ela era a mulher dos meus sonhos, desde criancinha. Sempre fui apaixonado por ela, mas ela sequer sabia meu nome. Cara, ela era uma tremenda gata: Loira, olhos azuis, cara de boneca e corpo escultural. Eu tinha até um diário, onde eu escrevia poemas e colocava as fotos dela, que eu recortava dos livros do ano. Julia e Philip já estavam ficando cansados de tanto me ouvir falar na Wendy.
Wendy tinha só um probleminha: Só saía com atletas ou caras que tivessem carrões. Como eu nunca consegui fazer parte do time de beisebol ou “futebol” do colégio, e dirigia a minivan do meu pai, ela nunca olhou para mim. Ela namorava Troy Anderson, um bobalhão troglodita que, assim como seus companheiros, usavam jaqueta verde com os braços bege.
Os companheiros de Troy sempre abusavam dos perdedores no colégio. Uma vez prenderam Philip dentro do armário. Se um deles se sentasse à sua mesa na hora do almoço, pode ter certeza de que você sairia de lá com um “me chute” nas costas. Todos eles só queriam saber de transar. Levavam garotas para a cama e, no dia seguinte, fingiam que nem as conheciam. O importante era o número.Tinham até um ranking onde disputavam quem tinha levado mais garotas.
O lugar perfeito para que isso acontecesse eram nas festas que faziam quando seus pais viajavam. Todos se embebedavam tomando cerveja em copos vermelhos por fora e brancos por dentro. Pessoas como Philip, Julia e eu nunca eram chamados para essas festas. Ao invés disso, ficávamos do lado de fora, observando o que os populares do colégio faziam.
Foi numa festa na casa de Troy que aconteceu. Troy tinha desaparecido da festa juntamente com Juliette Hover, melhor amiga de Wendy. Estavam no andar de cima dando uns malhos no quarto dos pais de Troy. E eu tinha visto tudo. Vendo Wendy preocupada, procurando pelo namorado, não pude deixar daquele jeito. Era a minha oportunidade. Deixei meus amigos e invadi a festa. Peguei Wendy pelo braço e a levei para o até o quarto de cima.
- Ei, o que está fazendo? Me largue!
- Wendy, você não me conhece, mas eu não posso deixar você passar por isso.
Abri a porta do quarto e lá estava Troy aos beijos com Juliette, que usava apenas um soutien azul. Troy disse:
- Calma, Wendy. Amor, não é isso que você está pensando!
Wendy não disse nada. Apenas saiu correndo da festa. Troy, ao invés de sair correndo atrás dela, preferiu tirar satisfações comigo.
- Carter é o seu nome, não é? Brian Carter. Escute, porque você mete o nariz onde não é chamado? Escute, a Wendy é minha, entendeu? Minha! Volte para seus amiguinhos que ficam nos observando de longe durante nossas festas.
Não aguentei aquilo e dei um soco no nariz de Troy. Ele disse:
- Eu vou matar você!
Eu saí correndo dali e, graças a Deus, na hora que eu estava saindo, os pais de Troy estavam chegando:
- Mãe! Pai! Achei que vocês só chegariam de viagem amanhã!
Do lado de fora, encontrei Wendy, que ia para casa a pé:
- Foi legal o que você fez por mim lá dentro. Obrigada. Carter, não é? Acho que fazemos aula de química juntos.
- Vo-você sabe meu nome?
- Sabe, eu não sei por que sempre namoro com caras como o Troy. Caras bonitões e ricos. Depois acabam se revelando uns canalhas. Por que será que eu nunca fico com caras como você?
- Ca-caras como eu? Feios e pobres?
- Sabe o que quis dizer.
Estávamos aproximando o rosto um do outro, quase nos beijando, quando aparece Philip:
- Cara, fiquei preocupado com você. Você está legal?
- Sim.
Wendy interrompeu:
- Você me dá licença um pouquinho, que eu tenho um assunto ainda a tratar com Carter.
Me levou para um canto e disse:
- Me diz uma coisa: Você já tem quem levar ao baile de formatura?
- Eu? Eu nem vou ao baile.
- Agora vai. Porque você vai me levar.
Eu não podia acreditar naquilo. Era meu sonho se tornando realidade. Mas eu não podia enfrentar aquilo sozinho. Meus amigos tinham que ir para me dar apoio. Tive que convencê-los. Julia disse:
- Mas eu nem tenho vestido. E acho que nenhum de vocês dois tem um smoking.
- Isso a gente pode providenciar.
Fomos à várias lojas de roupas. Testamos umas vinte roupas diferentes cada um de nós. Inclusive umas que aparentemente não tinham nada a ver com nosso propósito, como óculos escuros e cartolas. Apesar do grande número de roupas provadas, tudo parece ter tido o mesmo tempo de duração de um punk pop. Aliás, essa foi a trilha sonora da nossa aventura na loja de roupas.
O baile começou legal. O Smash Mouth foi tocar no nosso colégio. Mas teve uma coisa errada. Durante o baile, Wendy se revelou uma pessoa totalmente egocêntrica e superficial. Mas o que eu podia fazer? Ela era a mulher dos meus sonhos.
O que eu não pude acreditar foi quando entraram pela porta Julia, acompanhada de Philip. Cara, eu nunca tinha visto Julia dequele jeito. Na verdade, tudo que ela tinha feito foi soltar o cabelo e tirar os óculos, mas parecia que ela tinha se transformado totalmente. Estava um arraso. Tive que tirá-la para dançar. Durante a dança, vi ela com outros olhos. Acabei beijando minha melhor amiga durante uma música lenta.
O fim do baile foi meio estranho. Julia confessou que sempre foi apaixonada por mim. Ela se mordia de raiva todas as vezes que eu ficava falando da Wendy. Puxa, o amor da minha vida sempre esteve bem na minha frente e eu nem percebi. Aquilo foi inesperado. Assim como foi inesperado ver juntos no final do baile Troy e Juliette, Ashmin e Inga, Philip e Wendy. O diretor interrompeu a banda para anunciar os rei e rainha do baile:
- Brian Carter e Julia Clark.
Nossas fotos ficaram lindas no livro do ano. Ficamos juntos, curtindo nosso namoro todos os dias, até irmos para a faculdade. Eu foi estudar publicidade em Brown e ela, estudar arte em Berkeley. Continuamos o namoro, só que agora a gente se falava mais pela internet.
Haverá continuação...

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Breve ensaio sobre o fazer do blogueiro

Comecemos o ano com um texto genérico. Tão genérico quanto aqueles remedinhos do Raul Cortês. Fiquei um mês sem postar aqui, mas por motivo altamente justificável. Cogitei continuar escrevendo durante minhas férias em casa de mamãe, mas a internet de lá vem de um negocinho do tamanho de uma caixa de fósforo. Em outras palavras: Uma bosta. Meu próximo texto está quase todo escrito. Mandei-o para meu e-mail para que eu pudesse concluí-lo na casa da minha progenitora, mas sequer conseguir fazer o download do arquivo. Pelo menos esse tempo de coceba me serviu para pensar em idéias para postagens futuras.
Meu amigo Édio Azevedo e meu irmão Leonardo Torres têm um blog em que contam causos de suas vidas tendo a música como pano de fundo. No meu é a palhaçada. O frustrante é que eles ficam um dia sem postar e chove reclamações, enquanto eu, por duas vezes fiquei semanas sem postar porra nenhuma e, se eu não falo, ninguém repara. A não ser minha amiga Camilla, que já me perguntou duas vezes nesses últimos dias. Obrigado, Ca. Foi meu amigo Zé Gordo quem falou que isso de escrever em blog não passa de carência. Ele não poderia estar mais certo.
Acho que foi logo que conheci a Natália que eu havia comentado sobre a minha intenção em criar um blog para criticar tudo aquilo que eu acho absurdo. Enrolei, enrolei, enrolei e não fiz porra nenhuma. Até que certo dia, em casa dela ela me cria esta página na internet e me diz: "Pronto, você já tem um blog. Agora você vai ser obrigado a escrever nele". Na verdade não, já que tudo que o blog tinha era um nome e um endereço. Ninguém sabia de sua existência. Mas, se não fosse este empurrão, talvez hoje eu não estaria aqui escrevendo para vocês. E, desde então, escrever neste blog passou a ser uma das atividades mais importantes da minha rotina.
Tenho um daqueles trabalhos em que não precisa se usar muito o cérebro. Daí a necessidade de se exercitar a mente. Mas não esperem grande coisa de alguém que lê uma média de dois livros durante o ano inteiro. Para quem não sabe, o nome deste blog vem de minha humilde morada: The Didi's Abatedourus Night Club. O logo era para parecer um letreiro luminoso de casa noturna. Mas o que haveria de se esperar de um troço que foi feito no paintbrush em quinze minutos?
Em sua fase embrionária, os causos da minha vida eram para ser um complemento às minhas críticas. Porém, nota-se que a cada postagem os causos têm sobressaído. A verdade é que aconteceram realmente muitos fatos engraçados na minha vida que acho que vale a pena serem divulgados. E eu não sou tão punk quanto achei que era. Foi a Viviana que me disse: "Se eu tivesse um blog, acho que ia ficar só falando o que eu faço da minha vida". Bem, acho que a maioria dos blogs é assim mesmo, porém cada um com um enfoque.

Como sempre digo, cerca de 80% dos fatos contados aqui são verídicos e quase sempre acontecidos com este que vos escreve. Claro que a gente floreia muito a coisa para tornar a história mais envolvente. Uso recursos como alterar a cronologia dos fatos, ou colocar coisas que aconteceram com anos de diferença como tendo sidos no mesmo dia. Foi Menino Carlos que chamou-me de herói da classe média. Certamente há um tanto de exagero na declaração do mancebo, mas minha intenção era justamente essa: Escrever algo como Comédias da Vida Privada, porém com direito a palavrões, escatologia e putaria. Além do mais, Menino Carlos é outro blogueiro que invejo. Se você me acha engraçado, tente ler o blog dele.
Uns dias aí para trás eu mostrei aquele texto em que a Isoca fala que eu sou bom de cama para a minha amiga Alanne e ela me diz: "Didi, você me salvou. Eu tava precisando de um desses textos ridículos de blog para colocar na prova dos meus alunos". Logicamente fiquei chateado: "Por que você não usa um dos meus? Tem um monte de textos ridículos no meu blog". "É porque nos seus ia ficar difícil achar erro". Não poderia me sentir mais lisonjeado. Duplamente.
Muitos me falam: "Nossa, que ânimo! Escrever num blog". Realmente: Que ânimo! Nota-se que antes de se chegar ao fato central das histórias, sempre tem outras duas ou três mini-historinhas, para dar mais consistência ao texto. Muito embora eu saiba que é cansativo ler textos enormes na internet. Os meus dão em média umas três páginas de word. Por isso encho as postagem de fotinhas para dar mais ritmo aos textos, embora muitas se mostrem bem fora do contexto. A não ser nesse, que coloquei a foto dos pinguinzinhos (que gaxinha!)
Pode parecer fácil, mas demoro pelo menos umas quatro horas para escrever cada pérola. Como a Natália me disse, eu encho muito lingüiça. Robertinha disse que ficou com preguiça de ler meu texto. Fabizão disse que pula alguns parágrafos. Mas o que é que eu posso fazer? Não sei escrever de outro jeito que não seja enrolando meu leitor. Este editorial, por exemplo, era para ser uma pequena observação de um parágrafo, mas acabou tomando duas páginas. A propósito, quando vocês estiverem lendo um texto meu e o início estiver em itálico, é porque o texto de verdade não começou ainda; são apenas algumas observações iniciais.
Alguns de vocês devem ter recebido de mim a mensagem; "Você foi citado nominalmente no meu blog". Não faço idéia de quantos ilustres me lêem, mas acho que não passam de uns quinze. Só posso me pautar pelos que comentam aqui. Todos os dias tento aumentar o parco número. Quem tem contato comigo sabe que eu importuno todos: "E aí, você já leu meu blog?" "Comenta lá, viado". Até meus alunos são obrigados à visita.
Me sentirei realizado no dia que gente que eu não conheço começar a comentar. Isso é passível de acontecer, já que eu apareço nas pesquisas do Google. Bem, eu não conheço a tal de Vika, mas acho que ela é amiga do Menino Carlos. Também não conheço pessoalmente a Robertinha, mas eu sei que ela e o Edinho estão se pegando. A propósito, o comentário é o combustível do blogueiro. O dia que as pessoas pararem de comentar meus textos, eu paro de postar. É, realmente meu amigo Zé Gordo tem razão.

  ©Template by Dicas Blogger.

TOPO